Galípolo: BC “incomodado” com inflação fora da meta, mantém juros altos

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, afirma que a instituição está “incomodada” com a inflação acima da meta, mas mantém juros altos para controle.
Gabriel Galípolo inflação meta juros — foto ilustrativa Gabriel Galípolo inflação meta juros — foto ilustrativa

O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, expressou nesta quinta-feira (23) que a instituição está “bastante incomodada” com a inflação e as expectativas dos economistas ainda acima da meta, conforme reportado pela agência Reuters.

Apesar disso, Galípolo destacou que os preços demonstram um processo de queda e reiterou a necessidade de manter a taxa básica de juros elevada por um período prolongado. Essa estratégia visa assegurar o contínuo recuo da inflação em direção ao objetivo estabelecido.

Inflação e expectativas fora da meta

Segundo Galípolo, “a inflação e expectativas seguem fora do que é a meta, isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está num processo de redução e retorno para a meta em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário.”

Na prática, a declaração indica que, mesmo com a alta de preços acima do ideal, o Banco Central considera que suas ações, especialmente a manutenção de juros altos, são eficazes no controle inflacionário. A meta de inflação do Brasil é de 3% ao ano, com tolerância até 4,5%. Contudo, a pesquisa Focus projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará 2025 em 4,7%, distanciando-se do centro da meta. Em setembro, a inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,17%.

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em entrevista.
Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em entrevista.

Manutenção da taxa Selic e postura restritiva

Galípolo lembrou que o Banco Central manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Essa taxa é crucial, pois influencia todos os juros da economia, incluindo empréstimos e financiamentos, e é a principal ferramenta para conter a inflação.

O presidente do BC explicou que essa postura restritiva deve persistir: “A economia brasileira vem passando por um ciclo de crescimento contínuo … e ainda assim com nível de inflação que, apesar de fora da meta, o que demanda o Banco Central permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado para que a gente possa produzir essa convergência.”

O objetivo é garantir o retorno gradual da inflação ao centro da meta, sem comprometer o desempenho econômico. Galípolo busca “combinar nível baixo de desemprego, crescimento positivo e inflação que está, olhando para níveis históricos, dentro de um patamar baixo.”

Gabriel Galípolo em evento público.
Gabriel Galípolo em evento público.

Críticas de Lula à política monetária

Na última segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o Banco Central e a exigir uma redução na taxa de juros. Lula argumentou que a diminuição dos juros é necessária para estimular a expansão econômica e o Acesso ao crédito.

“Eu quero que os empresários todos ganhem muito dinheiro, que as suas empresas possam crescer, produzir, gerar emprego. Quero que a indústria automobilística venda quantos carros necessitar, quero que banqueiros ganhem dinheiro — mas não precisa extorquir o povo”, afirmou o presidente.

“Ganhe dinheiro de forma tranquila, emprestando a juros razoáveis. O Banco Central vai precisar começar a abaixar os juros, porque todo mundo sabe o que nós herdamos e sabe que estamos preparando esse país para ter uma política monetária mais séria.”

Autonomia do Banco Central e tensões governamentais

Desde o início de seu mandato, Lula tem expressado Críticas recorrentes à política monetária e à autonomia do Banco Central, que em 2025 passou a ser liderado por Gabriel Galípolo, indicado pelo próprio presidente, sucedendo Roberto Campos Neto.

O Banco Central opera com autonomia desde 2021. Essa autonomia, entre outros pontos, impede que o presidente da República demita o presidente da instituição.

Fonte: G1

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