A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou uma greve de fome em carta escrita à mão enviada ao Ministério da Justiça da Itália. A manifestação ocorre após a Justiça italiana negar um recurso da Defesa da parlamentar na última quarta-feira (8). Zambelli criticou o posicionamento do ministro da Justiça italiano sobre o caso.
“Como tenho certeza de que o senhor não tomou a melhor decisão, começo hoje uma greve de fome que só o senhor pode acabar, negando a minha extradição, o que me colocará em liberdade, que é o correto”, declarou Zambelli na carta.
Decisão judicial e alegação de perseguição política
A decisão da Corte italiana foi de manter a prisão da deputada enquanto aguarda o processo de extradição para o Brasil. Em sua manifestação, Zambelli alega ser “vítima de uma perseguição política” e que a decisão judicial italiana foi resultado de pressão exercida pelo governo brasileiro. “Ontem soube que o senhor se expressou pela manutenção da minha prisão, depois da pressão do presidente do Brasil, Lula, e do embaixador do Brasil na Itália”, afirmou a parlamentar.
A defesa de Zambelli divulgou nas redes sociais a íntegra da carta enviada ao Ministério da Justiça da Itália, na qual defende que o caso “não se trata de direita ou esquerda, mas do que é certo ou errado”.
Acusações contra autoridades italianas e brasileiras
No documento, a parlamentar acusou o Ministério da Justiça da Itália de se aliar a grupos e regimes autoritários. “O senhor está do lado de quem apoia o HAMAS, o tráfico de drogas, o TERRORISMO, o IRÃ, regimes narcoditatoriais como o da Venezuela, a ditadura de Cuba e outros regimes na América do Sul e na África”, escreveu.
Zambelli também fez menção a sanções impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra membros do Judiciário brasileiro, em especial o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. “O senhor acolheu a decisão injusta e sem provas de um juiz brasileiro, Alexandre de Moraes, que foi recentemente sancionado pelo PRESIDENTE TRUMP com a revogação do visto para os Estados Unidos e a aplicação da Lei Magnitsky, pois o Governo dos EUA já possui provas suficientes de que ele age fora da lei, perseguindo politicamente cidadãos inocentes, jornalistas e políticos de direita”, continuou a deputada.
Afasta mento e prisão na Itália
A licença de 127 dias do mandato de Carla Zambelli terminou na semana passada. Ela havia deixado o Brasil em maio, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão, e pediu afastamento, além de mais sete dias para “tratar da saúde”. Em junho, a Câmara dos Deputados confirmou o afastamento e bloqueou seus vencimentos, conforme decisão do Supremo. No mês seguinte, Zambelli foi presa na Itália, após ter o nome incluído na lista de procurados da Interpol. Atualmente, aguarda a decisão das autoridades italianas sobre sua extradição para o Brasil.
Fonte: Estadão