Mandonismo: O Poder Oculto que Molda a Política Local no Brasil

Descubra como o mandonismo, prática de poder oculto na política local brasileira, utiliza o temor e o clientelismo para moldar resultados eleitorais e manter estruturas oligárquicas.
mandonismo na política local — foto ilustrativa mandonismo na política local — foto ilustrativa

O mandonismo, prática enraizada na política local brasileira, configura-se como um poder oculto que ainda molda o cenário de Estados e Municípios. Caracteriza-se pela coação de oponentes através do temor e da imagem de autoridade com superpoderes, beneficiando-se da lentidão do sistema judiciário para impor suas ações. Esta prática é intrinsecamente ligada ao clientelismo, utilizando o Acesso a recursos públicos para coagir adversários e perpetuar estruturas oligárquicas.

O Que Define o Mandonismo na Política

Definido como uma faceta do clientelismo, o mandonismo se manifesta na troca de lealdade política por votos, especialmente em períodos eleitorais. Diferente do clientelismo, que favorece aliados, o mandonismo é empregado para prejudicar adversários políticos, obstruindo sua ascensão e Acesso aos serviços públicos. Trata-se de uma tática para preservar a autoridade de um indivíduo ou grupo que detém o poder de comando, impedindo a entrada de opositores no ambiente político.

Mandonismo: Característica da Política Tradicional

O mandonismo não é um sistema político por si só, mas sim uma característica da política tradicional brasileira. Sua perpetuação está ligada ao Acesso privilegiado de indivíduos a recursos fundamentais, utilizados para barrar o avanço de opositores. Segundo especialistas como Carvalho (2007), o mandonismo tende a diminuir à medida que a cidadania se fortalece e a incorporação aos bens públicos se estabelece institucionalmente.

Raízes Históricas e Manifestações do Mandonismo

Carvalho (2007) e Leal (2012) apontam o mandonismo como uma constante histórica, interligado ao coronelismo e ao clientelismo. Sua manifestação ocorre em momentos específicos dentro do contexto democrático, especialmente durante períodos eleitorais, quando a busca por adversários locais se intensifica. Essa perseguição visa reduzir as oportunidades de negociação e troca de favores entre grupos políticos rivais. A hostilidade torna-se um modo habitual de interação, oprimindo a autonomia popular e apresentando uma relação inversa com o desenvolvimento dos direitos civis.

Leal (2012) distingue o mandonismo do coronelismo, que possui abrangência nacional e articula a política federal com esferas estaduais e municipais. O mandonismo, por sua vez, é um resquício da política convencional, focado na disputa local por recursos públicos. Queiroz (1969) ressalta que o mandonismo se adapta a diferentes contextos históricos desde a época colonial, configurando-se como uma forma abrangente de dominação política e econômica no Brasil. Sua ação é deliberada e visa preservar o status quo, mantendo a estrutura social baseada em grupos de parentesco com interesses político-econômicos.

Impacto do Mandonismo e o Caminho para a Redução

As ações autoritárias do mandonismo criam figuras que parecem estar acima da lei, dotadas de habilidades superiores aos oponentes. A morosidade do sistema judiciário contribui para a impunidade, quando ações legais são direcionadas aos poderosos. O temor é uma emoção resultante dessas ações, utilizada como ferramenta de controle sobre os indivíduos, que se submetem para evitar o destino daqueles que desobedeceram aos interesses do mandante.

A tendência é que o mandonismo se reduza com a consolidação da institucionalização, que promove uma nova forma de interação entre eleitores e eleitos. Quanto menor o personalismo nessas relações, menor será a probabilidade de ocorrência de práticas mandonistas. A construção de uma cidadania mais ativa e o fortalecimento das instituições democráticas são essenciais para mitigar esse poder oculto na política local.

Fonte: Estadão

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