Deputados votam projeto que restringe aborto legal para vítimas de estupro

Câmara aprova suspensão de resolução do Conanda que garantia direito à informação sobre aborto para vítimas de estupro. Projeto segue ao Senado.
aborto legal para vítimas de estupro — foto ilustrativa aborto legal para vítimas de estupro — foto ilustrativa

A Câmara dos Deputados aprovou, por 317 votos a favor e 111 contra, a Suspensão de uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) de 2024. A resolução tratava do atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e garantia de seus direitos. O projeto agora segue para análise do Senado.

Entenda a Resolução do Conanda

A resolução suspensa determinava que a criança vítima de violência sexual tivesse garantido o direito à informação sobre a possibilidade de aborto, caso a gestação fosse resultado de estupro. Permitiria também a realização do procedimento sem a necessidade de lavrar boletim de ocorrência ou supervisão judicial.

Outro ponto da resolução considerava conduta discriminatória a recusa de um profissional em realizar o aborto com a justificativa de não acreditar na palavra da vítima sobre ter ocorrido a violência sexual.

Apresentação e Apoio ao Projeto de Lei

O projeto para suspender o ato normativo foi apresentado pela deputada Chris Tonietto (PL-RJ) e contou com amplo apoio da bancada cristã. A parlamentar argumenta que o aborto não é um direito, contestando a validade da resolução do Conanda. Parlamentares da bancada cristã também se opõem ao trecho que trata de conduta discriminatória, alegando que hospitais católicos poderiam ser obrigados a realizar o procedimento.

Críticas e Posicionamento do Ministério das Mulheres

Deputados de esquerda criticaram a aprovação. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) classificou a proposta como “cruel contra Crianças” e “cruel para com meninas que sofreram estupro”.

Em nota, o Ministério das Mulheres expressou “preocupação” com a tramitação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL). A pasta afirma que a anulação da orientação “cria um vácuo que dificulta o Acesso dessas vítimas ao atendimento e representa um retrocesso em sua proteção”.

O ministério destacou que, entre 2013 e 2023, o Brasil registrou mais de 232 mil nascimentos de mães com até 14 anos, indicando gestações infantis decorrentes de estupro de vulnerável. A pasta ressaltou que, embora a lei garanta o aborto legal em casos de estupro, apenas 154 meninas conseguiram acessar esse direito em 2023.

Votação por Deputado

A lista completa de como votou cada deputado está disponível para consulta. A votação nominal revelou o posicionamento de cada parlamentar em relação ao projeto que visa suspender a resolução do Conanda. Os votos foram divididos entre “Sim” e “Não”, com algumas abstenções registradas.

Deputados do Partido Liberal (PL) e da bancada cristã, em sua maioria, votaram a favor da suspensão. Por outro lado, parlamentares de partidos como o PT, PSOL e PDT votaram majoritariamente contra o projeto, defendendo a manutenção das diretrizes de proteção às vítimas.

O detalhamento da votação permite verificar o alinhamento das diferentes legendas e a atuação individual de cada representante no Congresso Nacional sobre um tema sensível e de grande debate público.

Fonte: Estadão

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade