Tarcísio de Freitas busca ‘cara verde’ do bolsonarismo contra Lula na COP30

O Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) está se mobilizando para se destacar na agenda ambiental, preparando uma carta de intenções e organizando um seminário sobre sustentabilidade. A iniciativa visa contrapor a visibilidade esperada para o governo Lula (PT) na COP30, que terá o presidente como protagonista.

O evento, chamado Summit Agenda SP+Verde, reuniu 67 empresas e teve início no Parque Villa-Lobos, na capital paulista. A conferência climática oficial, em Belém, começa em breve.

Tarcísio: Diferenças com Bolsonaro na agenda ambiental

O governador, cotado como candidato da direita ao Planalto em 2026, deu relevância ao evento ambiental, deslocando grande parte de seu secretariado. Diferentemente de seu padrinho político, Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio reconheceu o aquecimento global e a necessidade de transição energética.

Durante o governo Bolsonaro, órgãos como Ibama e Funai, responsáveis pela proteção ambiental e reservas indígenas, sofreram ataques. O Inpe, que monitora desmatamentos, também foi alvo.

Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, defende a Suspensão de punições contra o ex-presidente, que foi considerado inelegível e condenado a 27 anos de prisão pelo STF por liderar uma trama golpista.

Ações de sustentabilidade do governo paulista

Em seu discurso de abertura, Tarcísio destacou ações ambientais de sua gestão, como o estímulo a combustíveis renováveis, crédito para empresas na transição energética e um acordo para pagamento de multas ambientais com recuperação de áreas desmatadas. Ele também citou o aumento da coleta de esgoto, decorrente da privatização da Sabesp, e projeções de redução de emissões de gases de efeito estufa no transporte público, com investimentos em trens e metrô.

“Tem muita coisa para a gente celebrar em termos de sustentabilidade“, afirmou.

Ausência de declarações e foco técnico

Apesar da expectativa, Tarcísio se recusou a falar com jornalistas e não comentou a possível contradição entre discursos do bolsonarismo e a pauta ambiental. Uma assessora indicou que, na área verde, a equipe de Tarcísio deve atuar de forma técnica, com foco nas oportunidades econômicas da agenda ambiental, sem defender agendas de Bolsonaro.

O governador não confirmou presença na COP30, mas enviará sua secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, e a subsecretária de Energia e Mineração, Marisa Maia de Barros.

Natália Resende informou que a carta de intenções do governo paulista não fará cobranças ao governo federal. “A gente vai fazer uma carta de compromissos em que o estado de São Paulo reforça o seu compromisso em relação à segurança hídrica, à biodiversidade, à segurança alimentar. Toda uma linha de atuação. Transição energética, descarbonização, olhar nossa matriz de transporte e cada vez mais estimular a questão dos trilhos das hidrovias”, explicou.

Fonte: Folha de S.Paulo