O Censo Demográfico 2022 revelou que o Brasil abriga 295 línguas indígenas, faladas em aproximadamente um quinto dos municípios do país. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram um aumento de 7% em relação a 2010, quando eram registradas 274 línguas. Essa expansão deve-se, em parte, a uma metodologia de coleta mais detalhada, que permitiu a identificação de etnias antes agrupadas. O Censo também identificou 391 povos indígenas, um crescimento de 30% em comparação com o levantamento anterior.
![](<figure><img src="https://s04.video.glbimg.com/x240/14039103.jpg" alt=""><figcaption></figcaption></figure>)
Marta Antunes, Gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos (GPCTE) do IBGE, atribui o aumento tanto à declaração de pertencimento a etnias quanto à autoafirmação e revitalização cultural.
“Há um aumento entre os dois censos de pessoas que se declaram indígenas, mas também de declararem seu pertencimento a uma etnia, povo ou grupo indígena. Esse é um processo que alguns acadêmicos chamam de reemergência étnica, mas que os indígenas chamam de autoafirmação étnica e de revitalização de pertencimento étnico”.
Entre 2010 e 2022, o número de falantes de línguas indígenas cresceu 47%, totalizando 433.980 pessoas. Contudo, a proporção de falantes dentro do contingente total de indígenas diminuiu, um fenômeno esperado devido ao crescimento populacional e à inclusão de novos falantes que não dominam as línguas originárias.
As 10 Línguas Indígenas Mais Faladas no Brasil
A pesquisa do IBGE detalha o ranking das línguas mais proeminentes:
1. Tikúna: Com 51.978 falantes, é a mais falada, concentrada no Amazonas. 88% residem em Terras Indígenas.
2. Guarani Kaiowá: Registrou 38.658 falantes, majoritariamente em Terras Indígenas no Paraná e Mato Grosso do Sul.
3. Guajajara: Possui 29.212 falantes, 90% dos quais vivem em Terras Indígenas no Maranhão.
4. Kaingang: Contabiliza 27.482 falantes, com 79% em Terras Indígenas e 21% fora delas.
5. Xavante: Tem 21.772 falantes indígenas, sendo 85% em Terras Indígenas.
6. Yanomami: São 19.174 falantes, com 96% morando em Terras Indígenas.
7. Sateré-Mawé: Apresenta 15.421 falantes, com 20% residindo fora de Terras Indígenas.
8. Nheengatu: Registrou 13.070 falantes. É a língua com maior proporção de falantes fora de Terras Indígenas (60%) e a mais falada no Ceará.
9. Munduruku: Com 12.961 falantes, é a língua indígena mais falada no Pará.
10. Tukano: São 12.435 falantes, 60% dos quais vivem em Terras Indígenas.
Migração e Revitalização Cultural
O aumento no número de línguas e etnias também é impulsionado por trajetórias migratórias, como a de povos de origem venezuelana que se estabeleceram em abrigos e se interiorizaram no Brasil. O IBGE passou a registrar resultados específicos para “outras línguas” e “outras etnias”, como a língua indígena Warao, falada por 4.389 pessoas em 2022, sendo a mais presente no Rio Grande do Norte, Piauí e Distrito Federal.
A idade mediana dos falantes de línguas indígenas é de 21 anos, inferior à média geral dos indígenas (25 anos). Esse dado é crucial para a manutenção e transmissão dessas línguas para as novas gerações, indicando vitalidade cultural.
Fonte: G1
