Os mercados financeiros argentinos celebraram com euforia a contundente Vitória do presidente Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato. A Bolsa de Buenos Aires registrou disparada e o peso argentino valorizou-se, refletindo as expectativas de aprofundamento das reformas ultraliberais defendidas pelo Governo.
![](<figure><img src="https://f.i.uol.com.br/fotografia/2025/10/27/176158120168ff9891a77df_1761581201_3x2_md.jpg" alt=""><figcaption></figcaption></figure>)
A Vitória eleitoral pôs fim a uma corrida cambial que se estendia por semanas, e que contou com apoio até do Tesouro dos Estados Unidos, na compra de pesos para sustentar a moeda argentina.
O governo de Milei obteve um expressivo respaldo nas urnas, com 40,7% dos votos, enquanto o peronismo, fragmentado em diversas chapas, somou 31,7%.
Mercado em Alta
Na Bolsa de Buenos Aires, algumas ações apresentaram valorizações superiores a 30% em relação à sexta-feira anterior. Papéis como os do Banco Supervielle e da empresa de gás Metrogas atingiram altas de até 31%. Em Nova York, os ADRs (ações argentinas negociadas em Wall Street) também experimentaram fortes avanços, chegando a 50% no meio do dia, com destaque para os bancos Supervielle (+40%) e BBVA Argentina (+38%).
Nas casas de câmbio em Buenos Aires, o dólar, principal refúgio de valor para os argentinos diante da inflação crônica, operava em queda de até 9% na abertura dos mercados, dissipando temores de uma nova desvalorização do peso.
“Ontem começou uma nova Argentina”, declarou Milei. Segundo o presidente, o programa de governo foi “permanentemente torpedeado pelo Congresso”, mas ele expressou Confiança em uma mudança com a posse dos novos parlamentares em 10 de dezembro.
Desafios no Congresso
Apesar da vitória, Javier Milei precisará buscar acordos políticos, pois seu partido continuará sem maioria própria no Congresso. “Precisamos sentar com o novo Congresso e buscar acordos para aprovar as reformas. Eu me comprometi com isso em 2023, e foi para isso que me elegeram”, afirmou Milei, que também avalia mudanças em seu gabinete.
Reforma Cambial e Apoio Internacional
O presidente confirmou a manutenção do sistema de flutuação administrada do câmbio dentro de bandas predefinidas. “Enquanto estiver dentro da banda, o dólar é livre”, disse.
O governo dos Estados Unidos comprometeu-se a liberar uma ajuda de até US$ 40 bilhões ao governo argentino, um valor que havia sido condicionado à vitória eleitoral de Milei, reforçando o apoio internacional à sua gestão.
Para o cientista político Iván Schuliaquer, da Universidade Nacional de San Martín, resta saber se o triunfo “lhe dá um impulso duradouro” e “se o modelo econômico consegue se sustentar sem afundar”.
O impulso para o governo refletiu-se no mercado de títulos públicos. A taxa dos empréstimos de dez anos da Argentina caiu consideravelmente, de 14,34% para 10,51%, uma redução significativa no mercado de dívida soberana.
Fonte: Folha de S.Paulo
