Violência afasta investidores de galpões logísticos no Rio de Janeiro

Empresas de galpões logísticos relatam violência, assaltos e extorsões no Rio de Janeiro, levando ao abandono do estado e redução de investimentos.
violência em galpões logísticos Rio de Janeiro — foto ilustrativa violência em galpões logísticos Rio de Janeiro — foto ilustrativa

Apesar do aquecimento Recorde do mercado de galpões logísticos em todo o Brasil, impulsionado pelo comércio eletrônico e pela indústria, o Rio de Janeiro enfrenta uma realidade oposta. O estado registra um número de imóveis devolvidos que supera as novas locações, além de uma redução significativa em novos projetos, indicando a perda de interesse de empresas no setor logístico local. Relatos reservados de proprietários apontam assaltos, extorsões e ameaças como os principais fatores que comprometem os investimentos no Rio de Janeiro.

Galpão logístico no Rio de Janeiro com sinais de abandono devido à violência
Galpões logísticos no Rio de Janeiro sofrem com violência e perdem investidores.

Um sócio de uma gestora de fundos de investimentos em parques logísticos revelou a venda de todos os seus ativos no estado após um assalto em Duque de Caxias. Bandidos armados se infiltraram no local e roubaram uma empresa de eletrônicos. A vítima decidiu mudar seu centro de distribuição, incentivando outras inquilinas a fazerem o mesmo. “Não quero ter mais nada no Rio”, declarou o gestor, evidenciando o receio em manter negócios na região.

Pressão e extorsão em centros logísticos

Uma executiva de uma multinacional de galpões confessou ter sido pressionada a fazer doações financeiras para uma associação de moradores de uma favela próxima, sob ameaça de ações criminosas. Para contornar a situação, ela buscou apoio de outras operadoras logísticas na área, que também sofriam extorsão. Juntas, conseguiram negociar a doação em forma de cestas básicas e eletrodomésticos. “É uma situação difícil de explicar para a matriz lá fora. Não tinha como eu justificar esse tipo de verba para doação”, lamentou.

O presidente de uma empresa nacional desenvolvedora de centros logísticos destacou que investir no Rio de Janeiro se tornou inviável. Atuando na Pavuna, na zona norte do Rio, a empresa enfrentou assédio constante para contratar fornecedores de baixa qualidade com preços inflacionados. “Foi um horror o que passamos ali”, disse. A empresa vendeu a maioria de seus empreendimentos no estado, restando apenas um imóvel que se tornou o mais caro para manter devido aos altos custos de segurança e monitoramento.

Desempenho do mercado logístico carioca

Dados da consultoria Newmark indicam que, entre janeiro e setembro, a área total devolvida em galpões logísticos no Rio de Janeiro superou em 6 mil metros quadrados o total de novas locações. Enquanto isso, outros estados registram aquecimento no setor. A taxa de espaços vagos no Rio atingiu 10,5%, acima da média nacional de cerca de 8%. “Não posso garantir que as devoluções têm sido estritamente por conta da segurança, mas, há, sim, esse pênalti no Rio”, afirma Mariana Hanania, diretora de pesquisa de mercado da Newmark. “A falta de segurança sempre foi uma questão que pesou muito, sobretudo para este segmento industrial e logístico.”

O levantamento da Newmark também revelou que os novos projetos em obras no Rio de Janeiro representam apenas 29% do total registrado no ano anterior, sinalizando menor interesse em desenvolver empreendimentos na região. “O investimento em segurança tem que ser maior no Rio. Além da questão de ferramentas mais robustas e caras para proteção, muitas vezes as empresas precisam recorrer a escolta armada”, observou Hanania.

Perspectivas e exceções no mercado

Apesar do cenário desafiador, um presidente de uma multinacional com atuação global no setor logístico mantém sua operação no Rio. “Nunca tivemos esse problema de segurança, mas o Rio é complexo. Tem que saber operar”, relatou. Ele ressaltou a importância de escolher o local e as vias de Acesso com precisão. “Se errar o acesso, ferrou.” O executivo lamentou a situação, pois acredita que o Rio de Janeiro, com sua economia dinâmica e relevância nacional, poderia atrair muito mais investimentos. “Poderíamos investir muito mais.” A situação atual reflete a necessidade de políticas públicas eficazes para a segurança e o fomento ao investimento no setor logístico.

Fonte: Estadão

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