Venda de Sentenças: PGR Vê Lacunas em Relatório da PF Sobre STJ

PGR pede aprofundamento em caso de venda de sentenças no STJ, apontando lacunas em relatório da PF. Investigações miram esquema de influência e manipulação.
Venda de sentenças STJ — foto ilustrativa Venda de sentenças STJ — foto ilustrativa

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o relatório da Polícia Federal (PF) sobre um esquema de manipulação e venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ) apresenta lacunas. Para o procurador-geral, Paulo Gonet, a investigação precisa ser aprofundada, solicitando mais prazo para a conclusão do inquérito que tramita em sigilo no STF.

A PGR considera as linhas de investigação da PF verossímeis, defendendo a manutenção do afastamento das funções dos servidores investigados. Contudo, Gonet solicitou “esclarecimentos pontuais” à PF, especialmente sobre elementos de lavagem de dinheiro.

De acordo com a Procuradoria, o relatório parcial da PF não incluiu a íntegra de dados extraídos de equipamentos eletrônicos apreendidos, o que dificulta a conferência e contextualização das evidências. Faltam, ainda, dados sobre análises de operações financeiras e fluxos bancários, impedindo a fundamentação de teses como “blindagem comunicacional”, uso de disfarces nominais ou instruções codificadas.

‘Mercado Paralelo de Influência’: A Revelação da PF

A investigação da PF, conforme detalhado em seu relatório, revelou a existência de um “mercado paralelo de influência”. Neste esquema, contratos milionários de advocacia ou consultoria eram firmados com o propósito de garantir decisões judiciais previamente combinadas, em detrimento da atuação Técnico-jurídica.

O relatório descreve uma rede composta por intermediários, operadores e servidores, criada para manipular e direcionar decisões no STJ e em outros tribunais. Em novembro do ano passado, Daimler Alberto de Campos, Márcio José Toledo Pinto e Rodrigo Falcão de Oliveira Andrade foram afastados de suas funções no STJ e alvos de busca e apreensão por suspeita de envolvimento.

A PF identificou três núcleos de atuação no esquema:

  • Servidores públicos ligados a gabinetes, responsáveis por vazar informações sigilosas e antecipar minutas de decisões.
  • Advogados e lobistas, que prospectavam clientes interessados em obter decisões judiciais favoráveis.
  • Empresários, com foco no agronegócio, que seriam os beneficiários finais das decisões manipuladas.

As mensagens analisadas pelos investigadores indicam padrões de atuação típicos de organizações criminosas, como o uso de linguagem cifrada, codinomes, “laranjas” e empresas de fachada para maquiar as negociações. Expressões como “a obra está pronta” indicavam a finalização de uma minuta, enquanto “faltam os retoques do patrão” sinalizava a necessidade de assinatura pelo magistrado. O termo “Orçamento” era utilizado para referir-se a valores acordados.

Posicionamento do STJ e Defesas

O Superior Tribunal de Justiça tem se posicionado de que não comentará o caso devido ao sigilo da investigação no STF. A Defesa de Daimler Alberto Campos declarou que a investigação da PF “comprovou que diversas autoridades tiveram seus nomes utilizados de forma criminosa”. Os advogados alegam que o nome de seu cliente foi usado de maneira espúria e ilícita, destacando que a sindicância interna do STJ já havia afastado indícios contra Daimler Campos, enquanto os efetivamente participantes dos ilícitos foram demitidos.

A reportagem não obteve retorno das defesas de Márcio José Toledo Pinto e Andreson de Oliveira, nem do advogado de Rodrigo Falcão de Oliveira Andrade.

Fachada do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Fachada do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Advogados em ação, representando esquemas de influência e corrupção.
Advogados em ação, representando esquemas de influência e corrupção.

Fonte: G1

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