Vale: Mineradora Brasileira Lidera Mudança na Qualidade do Minério de Ferro

Vale (VALE3) se destaca na contramão do mercado de minério de ferro, focando em alta qualidade e se beneficiando da queda nos teores globais.
Vale qualidade minério ferro — foto ilustrativa Vale qualidade minério ferro — foto ilustrativa
Haul trucks move iron ore at the Vale N4W mine in Parauapebas, Para state, Brazil. Photographer: Dado Galdieri/Bloomberg

As recentes movimentações no Mercado de minério de ferro podem representar uma oportunidade significativa para a Vale (VALE3). Analistas do JPMorgan destacam que o setor de minério de ferro globalmente enfrenta um cenário de esgotamento natural, com uma tendência de queda nos teores de ferro e aumento de impurezas na commodity.

Diante dessa realidade, a Platts, referência em informações sobre energia e commodities, já anunciou a revisão das especificações de referência. A partir de 2026, o teor de ferro de referência será reduzido, enquanto os limites para impurezas serão elevados.

Nesse contexto, produtores australianos já buscam estender a vida útil de suas minas e otimizar Custos, o que pode implicar na redução da qualidade do minério extraído. No entanto, o JPMorgan observa que a Vale está seguindo um caminho distinto.

A mineradora brasileira tem concentrado esforços em reduzir os níveis de sílica e aprimorar suas misturas de minério. Essa estratégia visa restaurar a vantagem de qualidade que, historicamente, tem sustentado prêmios para a companhia.

“Em um mercado que se ajusta a minérios de menor qualidade, a Vale está posicionada para se beneficiar de um mix de produtos relativamente mais forte e de preços realizados melhores”, destacam os analistas do banco.

Otimização da Qualidade do Minério pela Vale

O aumento no uso de minério de ferro de alta qualidade (IOCJ) e a reconfiguração das misturas de BRBF (Brazilian Blend) têm um papel crucial nesse cenário. Essas ações contribuem para reduzir as penalidades por impurezas e restaurar parte da vantagem de preço que a Vale historicamente detinha. O BRBF, em particular, é uma mistura que busca um equilíbrio entre custo e qualidade.

“Essa mudança não é incremental: reflete decisões operacionais e de mistura deliberadas que elevam a Vale na curva de qualidade em um momento em que a linha de referência do setor está caindo”, afirmam Rodolfo Angele e equipe, autores do relatório do JPMorgan. Eles ressaltam que, como resultado, o portfólio da Vale está se tornando relativamente mais valioso justamente quando o próprio benchmark do setor se realinha em direção a materiais de menor qualidade.

Perspectivas de Mercado e Ações da Vale

O banco mantém uma recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para a Vale. “A próxima revisão do benchmark, combinada com a gradual queda na qualidade do minério australiano e a redução contínua da sílica pela Vale, aponta para uma perspectiva de melhoria nos preços realizados da Vale”, avalia o JPMorgan.

Essa estratégia reposiciona a empresa favoravelmente em meio a uma mudança estrutural na qualidade do minério de ferro. A melhoria contínua no mix de produtos sustenta margens mais fortes e oferece maior visibilidade de preços para o futuro.

Isso pode se traduzir em um ajuste nas ações da companhia, potencialmente diminuindo o desconto em relação a seus pares internacionais. Atualmente, a Vale negocia a aproximadamente 4,6 vezes o EV/Ebitda, enquanto empresas australianas do mesmo setor alcançam 6,4 vezes. Essa diferença pode se reduzir à medida que os preços realizados da Vale convergem para cima.

Fonte: InfoMoney

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