O União Brasil decidiu nesta quarta-feira (8) afastar o ministro do Turismo, Celso Sabino, de todas as instâncias partidárias. A medida ocorre após o ministro se recusar a deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), descumprindo a orientação de desembarque da base aliada definida em setembro.


A decisão, tomada em reunião da cúpula da legenda em Brasília, também prevê a intervenção no diretório do Pará, comandado por Sabino, e a abertura de um processo disciplinar que pode levar à sua expulsão. O ministro terá 60 dias para apresentar sua Defesa ao Conselho de Ética do partido.
Sabino Desafia União Brasil e Confirma Permanência no Governo Lula
Apesar do risco de Punição, Sabino reafirmou sua intenção de permanecer no ministério, declarando: “Sigo ao lado do presidente Lula por entender que é o melhor. O partido, no meu entendimento, tem tomado decisões equivocadas”. O ministro, deputado licenciado, foi o único voto contrário ao seu próprio afastamento durante a votação.
A direção nacional do União Brasil alega que Sabino violou a determinação de saída da Esplanada, pactuada em setembro quando o partido e o PP (Progressistas) decidiram que seus filiados deveriam deixar cargos ministeriais até o dia 19 do mesmo mês. O não cumprimento configuraria infidelidade partidária.
No entanto, Sabino ignorou o ultimato. Em setembro, ele chegou a protocolar uma carta de Demissão, mas recuou a pedido de Lula, com quem tem participado de eventos recentes, inclusive em Belém (PA). Durante essas agendas, o ministro expressou apoio à reeleição de Lula em 2026, independentemente do cenário eleitoral.
Ministro Classifica Decisão como “Açodada e Injusta”
Celso Sabino classificou a medida da Executiva como “açodada e injusta”, defendendo a possibilidade de diálogo. “Acredito que o partido tomou decisões equivocadas, açodadas, mas há tempo para buscarmos entendimento”, afirmou. Ele considera inoportuna a troca no comando da pasta às vésperas da COP30, que ocorrerá em novembro em Belém.
“Estamos a 30 dias da COP30, a maior reunião diplomática do planeta. Não vejo como oportuno que haja uma interrupção no trabalho que vem sendo feito”, declarou o ministro. Sabino também ironizou declarações do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, vice-presidente nacional do União Brasil e um de seus críticos mais vocais.
Avaliação Eleitoral e Impacto Político
A permanência de Sabino no Ministério do Turismo tem forte peso eleitoral. O ministro planeja disputar uma das duas vagas ao Senado pelo Pará em 2026 e acredita que a visibilidade e o apoio de Lula podem impulsionar sua candidatura. “Pelo bem do turismo, pelo bem do povo do Pará e pela realização da COP30, vou permanecer no governo. Tenho a confiança do presidente Lula e o apoio da maior parte da bancada”, declarou.
O ministro propôs à direção do União Brasil um acordo de transição para deixar o cargo após a COP30, mas a sugestão foi rejeitada. O relator do processo disciplinar, deputado Fábio Schiochet (SC), confirmou que o caso será analisado pelo Conselho de Ética da legenda.
A decisão contra Sabino ocorre no mesmo dia em que o PP (Progressistas) também puniu o ministro do Esporte, André Fufuca (MA), que igualmente resistiu à ordem de deixar o governo. Em nota, o partido anunciou o afastamento de Fufuca da vice-presidência nacional e do comando do diretório estadual do Maranhão.
Com as medidas, tanto Sabino quanto Fufuca, considerados ministros da cota do Centrão, perdem espaço em suas siglas, mas mantêm o apoio do Palácio do Planalto. Lula, em entrevista recente, minimizou as sanções, classificando-as como “erro e bobagem” e defendendo que ambos “têm mandato e maturidade para decidir o próprio caminho”. O governo vê a manutenção de ambos no cargo como estratégica para conter o esvaziamento político da base aliada e preservar canais de diálogo com o Centrão.


Fonte: InfoMoney