O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando uma proposta para importar carne bovina da Argentina com o objetivo de reduzir os preços no mercado americano. A iniciativa, que vai na contramão de sua retórica protecionista habitual, surge em meio à alta dos preços da carne moída, que subiram cerca de 15% este ano, atingindo um Recorde.
Trump expressou sua intenção de buscar suprimentos argentinos para conter o aumento dos Custos, sugerindo que, em certos casos, mercados abertos podem ser uma solução eficaz contra a inflação. “Compraríamos um pouco de carne bovina da Argentina. Se fizermos isso, nossos preços da carne bovina cairão”, declarou Trump a repórteres.
Contexto da Alta nos Preços da Carne
Diversos fatores contribuem para o encarecimento da carne bovina nos EUA. Secas em diversas regiões forçaram pecuaristas a reduzir seus rebanhos, impactando a oferta. Além disso, tarifas impostas por Trump sobre importações de países como o Brasil reduziram o fluxo de carne para o mercado americano, exacerbando a situação.
Para contornar essa escassez e os custos elevados, a Argentina, aliada econômica dos EUA na América Latina, surge como uma alternativa. O governo americano tem oferecido apoio financeiro ao país, incluindo uma linha de crédito de US$ 20 bilhões. Durante uma visita do presidente argentino, Javier Milei, à Casa Branca, Trump mencionou a possibilidade de um acordo de livre comércio entre as nações, e a carne bovina pode ser parte dessa negociação.
Revolta no Campo Americano
A proposta de Trump, embora possa beneficiar consumidores, já encontra forte oposição entre fazendeiros e produtores americanos. Deputados republicanos, como Thomas Massie, criticam a ideia, argumentando que ela fere o princípio “America First” e prejudica os pecuaristas locais, que já enfrentaram dificuldades nos últimos anos. “Isso não é America First! Não precisamos que os EUA sejam inundados com carne bovina da Argentina depois que nossos pecuaristas sofreram muito”, afirmou Massie em redes sociais.
Representantes da indústria frigorífica e pecuária dos EUA expressam preocupação com a qualidade e segurança da carne argentina, além de um suposto desequilíbrio comercial. Colin Woodall, CEO da National Cattlemen’s Beef Association, declarou que o plano “cria caos em um momento crítico do ano para os produtores de gado americanos, sem fazer nada para reduzir os preços dos supermercados”. Ele também apontou para o histórico de febre aftosa na Argentina como um risco potencial para o gado americano.
A Argentina representa cerca de 2% das importações de carne bovina dos EUA, sendo que essas importações são limitadas por uma cota tarifária. Justin Tupper, presidente da United States Cattlemen’s Association, classificou a ideia como “horrível”, temendo que processadores misturem carne importada mais barata com a americana, afetando a indústria nacional.
Contexto de Relações Internacionais e Política Econômica
Essa potencial decisão de Trump em importar carne da Argentina se alinha a um contexto maior de suas políticas econômicas e relações internacionais. Durante seu mandato, Trump buscou reforçar o apoio a países em dificuldade e, ao mesmo tempo, manter suas tarifas agressivas. Em outras ocasiões, diante de aumentos de preços, ele buscou suprimentos de outros países, como ovos da Coreia do Sul e Turquia.
Trump demonstrou uma afinidade pessoal com Javier Milei e expressou o desejo de que a Argentina ajude a reduzir a influência da China na América Latina. Ao defender a necessidade de ajudar a Argentina, Trump afirmou: “A Argentina está lutando por sua sobrevivência. Eles não têm dinheiro, não têm nada. Estão lutando muito para sobreviver.” A relação comercial com a China também é um ponto de atenção, com Trump planejando discutir o assunto com o presidente Xi Jinping.
Fonte: Estadão