EUA e China: Trégua Comercial de 1 Ano Após Encontro Trump-Xi

A relação comercial entre Estados Unidos e China entrou em uma nova fase após um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. As duas maiores economias do mundo firmaram uma trégua comercial de um ano, suspendo tarifas e restrições que aumentavam a tensão global.

O acordo, anunciado após a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) na Coreia do Sul, adia por 12 meses a implementação de medidas que impactariam setores estratégicos. A China suspendeu controles de exportação sobre terras raras, enquanto os EUA congelaram a ampliação de restrições tecnológicas a empresas chinesas.

Donald Trump descreveu o encontro como “incrível” e declarou que o “problema das terras raras foi resolvido”. As negociações serão revisadas anualmente, com possibilidade de extensão, evitando a reativação de tarifas que poderiam ultrapassar 100% em alguns produtos.

A reunião, que durou cerca de 100 minutos, sinalizou uma mudança no tom entre os líderes. Antes do encontro, Trump elogiou Xi como “grande líder de um grande país”, e o presidente chinês destacou a necessidade de Washington e Pequim serem “amigos e parceiros”.

Acordos e Compromissos

No âmbito do acordo, os EUA reduziram as tarifas sobre produtos chineses relacionados ao fentanil de 20% para 10%. A China, por sua vez, comprometeu-se a intensificar o combate à exportação de precursores químicos do opioide. O corte tarifário médio sobre exportações chinesas para os EUA caiu para 45%.

A China também suspendeu por um ano tarifas aplicadas a embarcações e empresas de logística. Houve consenso sobre cooperação agrícola, incluindo a retomada das compras de soja americana pela China.

Um ponto relevante é o compromisso chinês de “resolver adequadamente” questões envolvendo a operação do TikTok nos EUA. Trump indicou que Pequim aceitou a possibilidade de controle americano sobre a plataforma no território norte-americano.

A China também iniciará o processo de compra de energia dos EUA, sugerindo um potencial grande negócio no Alasca, relacionado a um projeto de gasoduto de GNL. O acordo, em essência, retorna os laços comerciais ao status anterior à ofensiva de Trump, mas analistas alertam para a fragilidade da trégua em um conflito cujas causas profundas não foram resolvidas.

Tensões e Pontos de Discórdia

Apesar da trégua, alguns pontos de discórdia persistem. Donald Trump informou que não discutiu o chip Blackwell de última geração da Nvidia com Xi, o que pode impactar a presença da empresa no Mercado chinês de IA. A questão de Taiwan, a ilha democrática reivindicada pela China e parceira dos EUA, também não foi abordada nas conversas, segundo o presidente americano.

Curiosamente, minutos antes da reunião, Trump ordenou que os militares dos EUA retomassem os testes de armas nucleares, citando os arsenais crescentes da Rússia e da China. O Ministério das Relações Exteriores chinês expressou a expectativa de que os EUA mantenham a moratória nos testes nucleares.

A mídia estatal chinesa retratou a reunião como um triunfo para Xi Jinping, com o presidente afirmando ter “a Confiança e a capacidade de enfrentar todos os tipos de riscos e desafios”. A Casa Branca indicou que espera que este seja o primeiro de vários encontros entre os líderes no próximo ano.

Mercados Reagem com Cautela

O mercado financeiro reagiu de forma cautelosa ao anúncio da trégua. Futuros em Nova York operaram em leve queda nas primeiras horas após o anúncio, com o Dow Jones Futuro recuando 0,17%, o S&P 500 Futuro caindo 0,03% e o Nasdaq Futuro cedendo 0,03%. Pesaram também balanços de empresas e sinalizações do Federal Reserve.

“A resposta dos mercados tem sido cautelosa, em contraste com a caracterização entusiasmada de Trump sobre a reunião”, observou Besa Deda, economista-chefe da William Buck. Antes do encontro, mercados globais registraram recordes com a expectativa de um avanço na guerra comercial, que vinha afetando cadeias de suprimentos e a confiança empresarial.

Fonte: InfoMoney