Taxas de Juros Longas Sobem com Aversão Global a Risco e Expectativa do Copom

Taxas de juros longas sobem no Brasil com aversão global a risco. Mercado aguarda decisão do Copom sobre a Selic. Entenda os impactos.
Taxas de Juros Longas — foto ilustrativa Taxas de Juros Longas — foto ilustrativa

As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam a sessão de terça-feira com leves altas nos vencimentos de prazos mais longos. Essa movimentação ocorreu em um dia marcado pela aversão global a ativos de risco, enquanto os contratos de prazos mais curtos permaneceram praticamente estáveis, com os investidores aguardando a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 registrou 13,155%, um leve avanço frente aos 13,165% do fechamento anterior. Já a taxa para janeiro de 2035 apresentou uma elevação de 6 pontos-base, fechando em 13,645% contra os 13,587% da sessão anterior.

Aversão Global a Ativos de Risco Impacta Mercados

O cenário internacional foi dominado pela cautela com ativos de risco, alimentada por preocupações com uma possível correção acentuada no mercado de ações norte-americano, que tem sido impulsionado pela euforia em torno da inteligência artificial. O CEO do Morgan Stanley, Ted Pick, chegou a mencionar a possibilidade de “reduções de 10% a 15%” nos preços das ações, mesmo sem um Colapso macroeconômico aparente.

Essa aversão se refletiu na pressão sobre os índices de ações na Europa e nos Estados Unidos, com o dólar ganhando força globalmente, inclusive frente ao real. Nos EUA, a busca por refúgio nos Treasuries levou os rendimentos dos títulos a caírem. No Brasil, essa mesma aversão ao risco se traduziu no aumento das taxas dos DIs, especialmente nos contratos de prazos mais longos.

No pico do dia, a taxa do DI para janeiro de 2035 atingiu 13,670%, com um avanço de 8 pontos-base em relação ao ajuste do dia anterior. Próximo a esse horário, o dólar à vista operava perto de R$5,40, indicando a busca por proteção na moeda americana.

Mercado Aguarda Decisão do Copom sobre a Selic

Na ponta curta da curva a termo, no entanto, as oscilações foram mais contidas. O Mercado está focado na reunião do Copom, que decidirá sobre a taxa Selic na noite de quarta-feira. A expectativa predominante, precificada em 99% de probabilidade, é a manutenção da Selic em 15% ao ano. A principal dúvida reside no momento exato em que o Banco Central iniciará o ciclo de cortes nos próximos meses, com reuniões agendadas para dezembro, janeiro e março.

O consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, indicou em análise que o Banco Central deve manter uma postura conservadora em sua comunicação, mesmo com uma melhora pontual no balanço de riscos. Ele ressalta que um movimento prematuro de corte de juros poderia comprometer o esforço de reconstrução da credibilidade e a reancoragem das expectativas de inflação.

Em contraponto, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante um evento em São Paulo que, apesar da pressão dos bancos para manter os juros elevados, as taxas precisarão cair. Ele questionou a sustentabilidade de uma taxa de juros real de 10% com a inflação em 4,5%, quando a Selic está em 15%.

Indicadores Econômicos e Cenário Internacional

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial em setembro recuou 0,4% na comparação mensal, mas apresentou um ganho de 2,0% em relação a setembro de 2024. Esses resultados ficaram em linha com as expectativas de mercado.

Internacionalmente, os rendimentos dos Treasuries americanos continuaram em queda, refletindo a busca por segurança. O rendimento do Treasury de dez anos, uma referência global, caía 2 pontos-base, a 4,087%.

Veja a cotação de algumas taxas de DI no final da tarde de terça-feira:

Mês Ticker Taxa Ajuste Variação (% a.a.) (p.p.)
JAN/27 13,865 13,89 -0,025
JAN/28 13,155 13,165 -0,01
JAN/29 13,11 13,102 0,008
JAN/30 13,275 13,252 0,023
JAN/32 13,55 13,506 0,044
JAN/35 13,645 13,587 0,058

Fonte: InfoMoney

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