As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em alta no Brasil, com o mercado ajustando posições após recuos recentes e em antecipação à decisão do Federal Reserve (Fed) sobre juros. Enquanto isso, os rendimentos dos Treasuries no exterior apresentaram queda.
Ajuste de Posições e Expectativa pelo Fed
No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu 13,13%, uma alta de 5 pontos-base em relação ao ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2035 marcou 13,54%, com elevação de 7 pontos-base. Nas sete sessões anteriores, a curva futura de juros brasileira havia caído em cinco delas, impulsionada por dados de inflação abaixo do esperado no Brasil e nos EUA, corte no preço da gasolina e queda do dólar frente ao real.
Profissionais do Mercado ouvidos pela Reuters indicaram que os ajustes de alta nesta terça-feira buscavam novos níveis de acomodação para as taxas. A taxa do DI para janeiro de 2028, a mais líquida, chegou a registrar 13,150% na primeira hora de negócios, em alta de 7 pontos-base.
Apesar do ajuste local, as taxas futuras operaram em margens estreitas, refletindo a expectativa dos agentes financeiros pela decisão de política monetária do Fed, prevista para a tarde de quarta-feira. A taxa de referência nos EUA está atualmente entre 4,00% e 4,25%.
Cenário de Juros nos EUA e Impacto no Brasil
Ferramentas como o CME FedWatch indicavam uma probabilidade de 99,9% de um corte de 25 pontos-base nos juros americanos nesta quarta-feira. Para dezembro, a chance de um novo corte de 25 pontos-base era de 90,8%. As apostas para a reunião de janeiro do Fed estavam mais equilibradas, com 48,3% para mais um corte e 47,4% para manutenção da taxa.
“A mediana do Fed apontava para três cortes este ano. Já houve um corte em setembro, haverá outro amanhã e também no seguinte (em dezembro)”, comentou Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management. Ele ressaltou que o cenário para janeiro ainda é incerto.
Olivares explicou que, embora o Fed mencione preocupações com o mercado de trabalho para justificar os cortes, a atividade econômica nos EUA continua forte. Isso pode levar os membros do Fed a serem mais resistentes a uma continuidade agressiva na redução dos juros, especialmente diante de divergências internas.
A postura do Fed é considerada fundamental para as projeções da trajetória da Selic no Brasil, atualmente em 15% ao ano. Nos últimos dias, a curva de juros brasileira passou a precificar maiores chances de o Banco Central (BC) iniciar o ciclo de cortes já em janeiro, e não em março, apesar de o BC defender a manutenção da taxa estável por um período prolongado para atingir a meta de 3% de inflação.
Pressão sobre o Banco Central e Outras Notícias Econômicas
“É razoável pensar que o corte da Selic pode chegar antes. E este é o grande teste para o BC, para ver o quanto ele vai ser sensível à pressão do Governo e do mercado para cortar juros”, avaliou Olivares. Ele prevê um aumento dessa pressão, principalmente se o Fed de fato realizar outro corte em janeiro.
“Mas pela condução do BC, nada me faz pensar que eles cortarão a Selic antes de estarem convictos sobre isso”, acrescentou o economista.
Próximo ao fechamento da sessão, a curva futura precificava 97% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrerá na semana seguinte.
Em paralelo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o governo pode enviar ao Congresso uma proposta complementar para garantir a neutralidade fiscal da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil mensais, caso necessário. Ele mencionou que a pasta está analisando projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI) que indicam uma perda de arrecadação de R$1 bilhão, valor considerado “facilmente ajustável” em comparação com os R$4 bilhões previstos pela Fazenda.
Mercados Internacionais e Tensão Comercial
No cenário internacional, o rendimento do Treasury de dois anos, que acompanha as expectativas de juros de curto prazo, apresentava queda de 1 ponto-base, a 3,488%. O retorno do Treasury de dez anos, referência global para investimentos, caía 2 pontos-base, a 3,98%.
Os agentes do mercado também acompanhavam de perto as negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China. O presidente americano, Donald Trump, estava previsto para se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul, para discutir desdobramentos do embate comercial entre os dois países.
Fonte: InfoMoney