Tarcísio sobre metanol: ‘Preocupo-me se falsificarem Coca-Cola’

Tarcísio de Freitas diz que se preocupará com metanol se Coca-Cola for adulterada. Oposição compara fala a Bolsonaro. Entenda a crise.
bebidas com metanol — foto ilustrativa bebidas com metanol — foto ilustrativa

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), minimizou a crise de bebidas adulteradas com metanol, afirmando que só se preocuparia com o problema no dia em que a Coca-Cola começasse a ser falsificada. A declaração, dita em tom de brincadeira, gerou forte reação de opositores, que compararam a postura do governador à de Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19.

A fala ocorreu durante coletiva de imprensa após reunião de Tarcísio com representantes do setor de bebidas. O encontro visava discutir ações de combate à adulteração, que já causou mortes em São Paulo. Ao ser questionado sobre o que ouvira dos fabricantes, Tarcísio citou exemplos de bebidas de luxo que são alvo de falsificações, como Jack Daniels e Johnnie Walker, e disparou a Polêmica frase.

“No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola eu vou me preocupar”, disse, sorrindo. “Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto. Coca-Cola até aqui, não. E a minha é normal”, completou, arrancando risadas de parte da plateia. Apesar do tom jocoso, a declaração foi vista como insensível diante da gravidade da crise.

Tarcísio ressaltou, contudo, a disposição do setor em colaborar. Segundo ele, os representantes demonstraram “vontade enorme de colaborar” e que o gabinete de crise governamental atuará em parceria com a iniciativa privada. “Eles têm muita informação, eles sofrem muito com isso. O que temos hoje? Uma crise de confiança. As pessoas estão com medo e precisamos restabelecer a confiança”, afirmou.

O governo Paulista anunciou que pretende aumentar a fiscalização e pediu autorização judicial para destruir bebidas apreendidas sem nota fiscal ou comprovação de origem. Propostas legislativas para endurecer as regras sobre falsificação e comercialização irregular de produtos também devem ser apresentadas.

Crise de Metanol: Números e Reações

Na ocasião da Entrevista, Tarcísio informou que o Estado investigava 192 casos de contaminação por metanol. Desses, 14 eram confirmados e 178 sob apuração. Naquele momento, duas mortes haviam sido confirmadas e sete estavam sob investigação. No final do dia, o boletim atualizado registrou 15 casos confirmados e três óbitos.

Oposição Critica Comportamento do Governador

A declaração de Tarcísio provocou forte reação de parlamentares da oposição, que viram na fala um reflexo da atitude de Jair Bolsonaro, que minimizou mortes pela Covid-19 ao dizer que “não era coveiro”. O deputado estadual Antonio Donato (PT) comparou Tarcísio a Bolsonaro, afirmando que ambos “não estão nem aí para o sofrimento dos outros”.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) classificou a fala como “inacreditável” e ironizou: “É o novo ‘não sou coveiro’”. Já o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) criticou o que chamou de “desrespeito chocante” e acusou o governador de “tripudiar da população e das famílias das vítimas”.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) declarou que Tarcísio “aprendeu direitinho com Bolsonaro” e é “incapaz de gerir uma crise”. A deputada Juliana Cardoso (PT-SP) considerou o comentário um deboche e uma demonstração de que o governador não está empenhado na solução do problema de saúde pública.

A assessoria de imprensa de Tarcísio de Freitas foi contatada para comentar as críticas, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Fonte: Valor Econômico

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