Tarcísio de Freitas: Base Aliada na Alesp Irritada com Falta de Emendas

O Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) gerou um novo foco de descontentamento entre seus aliados na Alesp (Assembleia Legislativa) ao omitir alguns deputados da base em uma remessa de R$ 380 milhões destinada a municípios. Embora o governo alegue razões administrativas, a decisão levantou suspeitas entre os parlamentares.

Deputados como Ana Carolina Serra (Cidadania), Dirceu Dalben (Cidadania), Lucas Bove (PL), Oseias de Madureira (PRD) e Mauro Bragato (PSDB) foram deixados sem recursos, e Guto Zacarias (União Brasil) também ficou fora, embora não tivesse indicado aplicações específicas.

A transferência dos recursos ocorreu por meio de repasses fundo a fundo, saindo diretamente dos fundos Estaduais de saúde para os municipais, com os valores creditados nas contas das prefeituras. A liberação foi publicada no Diário Oficial.

## Motivações por Trás da Exclusão de Emendas

Deputados da base governista, em conversas reservadas, sugeriram que a exclusão de Lucas Bove poderia estar ligada à denúncia do Ministério Público por Agressão à sua ex-esposa. No caso de Ana Carolina Serra, especula-se um descontentamento com a articulação política de seu marido, o ex-prefeito Paulinho Serra (PSDB), que visa uma candidatura ao governo. Mauro Bragato, por sua vez, enfrentaria disputas eleitorais com outros aliados de Tarcísio na região de Presidente Prudente.

Os parlamentares afetados não se manifestaram oficialmente, mas a insatisfação foi expressa em conversas particulares com a imprensa.

## Resposta do Governo e Próximos Passos

O governo paulista refuta qualquer motivação política para a exclusão das emendas, atribuindo a situação a fatores estritamente administrativos. Assessores do governador Tarcísio de Freitas trabalharam para conter o mal-estar, negando retaliações políticas.

O principal argumento da equipe de Tarcísio é que houve um prazo para o protocolo dos pedidos de verbas, e que as demandas dos deputados excluídos serão consideradas na próxima remessa de repasses. O presidente da Alesp, André do Prado (PL), um aliado chave de Tarcísio, minimizou o incidente, afirmando que questões burocráticas, como a Falta de documentação por parte de prefeituras, podem ocorrer, mas que não há crise e todos entenderam a situação.

Apesar das justificativas, um deputado expressou frustração, apontando que a liberação de verbas era uma promessa atrasada. Outro parlamentar indicou que a ausência de repasses poderia impactar sua disposição em participar de votações de projetos do governador.

## análise da Situação Política na Alesp

A Alesp conta com 94 deputados, sendo 28 de oposição. Mesmo com o grupo insatisfeito, o governo de Tarcísio ainda detém votos suficientes para aprovar seus projetos de lei, necessitando de 48 votos para a maioria absoluta.

O anúncio das transferências ocorreu em um evento com forte tom eleitoral no Palácio dos Bandeirantes, com a presença de prefeitos e fotos com o governador.

As queixas sobre a demora na liberação de emendas são recorrentes. Até a semana anterior, o governo havia repassado R$ 361,4 milhões em transferências voluntárias, com um total que superou R$ 1 bilhão em 2024.

A disparidade na liberação de verbas, segundo relatos de deputados, pode estar ligada a divergências entre os secretários de Governo, Gilberto Kassab (PSD), e da Casa Civil, Arthur Lima, embora o governo negue tais desentendimentos.

A estratégia de negociação envolvia a divulgação dos recursos por prefeitos e deputados em redes sociais, promovendo suas gestões e o governador. Tarcísio de Freitas priorizou o evento com prefeitos, optando por não ir ao Rio de Janeiro para uma reunião sobre segurança pública.

O Secretário de Saúde, Eleuses Paiva, explicou que, ao analisar as indicações de repasse dos parlamentares, sua pasta identificou que 140 cidades não receberiam recursos por falta de indicação de deputados. A solução encontrada foi realizar transferências diretas do governo para garantir que todos os 645 municípios recebessem o aporte.

Lucas Bove e Mauro Bragato declararam que suas emendas serão contempladas na próxima etapa e negaram insatisfação. Oseias de Madureira não foi encontrado para comentar.

Fonte: Folha de S.Paulo