Com a transferência de Guilherme Boulos para a Secretaria de Relações Institucionais do Governo federal, seu cargo na Câmara dos Deputados pode ser ocupado por Ricardo Galvão, primeiro suplente pelo partido Rede-SP. No entanto, Galvão ainda não confirmou sua posse e está em diálogo com a Rede para definir sua situação atual, já que ele preside o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Dentro da Rede, ainda há indefinição sobre quem poderia assumir a suplência. Galvão declarou que assumiria a função sem problemas, caso seja decidido.
Prioridades de Ricardo Galvão como Deputado
Caso assuma a cadeira na Câmara, Ricardo Galvão destacou que suas principais pautas seriam o Meio Ambiente, o fomento a investimentos em ciência e tecnologia, e a educação. “A pauta principal é a questão climática, a linha de ação da Rede, e razão pela qual entrei na política”, afirmou Galvão.
Galvão ganhou notoriedade nacional em 2019, quando dirigia o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na ocasião, ele confrontou as Críticas do então presidente Jair Bolsonaro (PL) aos dados de desmatamento na Amazônia, defendendo a precisão e a auditabilidade dos dados científicos, o que resultou em sua exoneração do cargo.
Ciência e Tecnologia no Congresso
Galvão ressalta a importância do Congresso Nacional para o avanço de políticas de ciência e tecnologia no Brasil. “Se assumir, estaria trabalhando para o aprimoramento da ciência e tecnologia no Brasil, olhando em particular a questão orçamentária para o sistema”, declarou. Ele citou como exemplo a tentativa de parlamentares de reduzir o orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que em 2025 terá R$ 14,6 bilhões disponíveis.
O presidente do CNPq também expressou preocupação com a repatriação de cientistas brasileiros para atuar na indústria nacional. “Não basta formar doutores e colocar na universidade. É preciso estabelecer mecanismo para o financiamento industrial, mas com soberania da tecnologia desenvolvida”, defendeu.
Como exemplo, Galvão mencionou a geopolítica global em torno das terras raras. “Com a pressão de Estados Unidos e China, exportamos como no passado vergonhosamente fizemos com areia monazítica. Eu sei quem sabe, quem conhece e pode articular. Com a indústria nacional podemos desenvolve aqui os produtos”, pontuou.
Diálogo com o PSOL
Caso assuma o cargo de deputado, Ricardo Galvão afirmou que manterá o diálogo com o PSOL para dar continuidade ao trabalho de Guilherme Boulos na Câmara. “Se eu assumir, tenho que falar com o agora ministro Boulos, com o pessoal do PSOL, e eles ainda tinham uma agenda inacabada. Eu teria o compromisso de atuar em alguma coisa inacabada”, completou.
Fonte: Estadão