STF e TCU: Disputa por prazos ameaça R$ bilhões em indenizações

STF e TCU divergem sobre prazos de prescrição, arriscando anular indenizações bilionárias. Entenda o impacto para os cofres públicos e casos como a Lava Jato.
divergências STF TCU indenizações — foto ilustrativa divergências STF TCU indenizações — foto ilustrativa

Uma divergência sobre os prazos de prescrição de processos entre o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TCU (Tribunal de Contas da União) está colocando em risco indenizações bilionárias aos cofres públicos, com potencial para anulação de valores já estabelecidos.

A controvérsia sobre prazos de prescrição

A disputa se intensificou devido à demora do TCU em julgar empresas e gestores públicos em ações que visam ressarcir a União por desvio de recursos. O STF, ao considerar essa lentidão uma afronta à Constituição, passou a impor limites ao Tribunal de Contas, questionando a validade de processos que se arrastam por décadas.

Impacto na Lava Jato e outros casos bilionários

Os principais casos afetados por esse impasse estão ligados à Operação Lava Jato. O desentendimento entre os tribunais já resultou na anulação de dois processos do TCU cujas multas somadas poderiam ultrapassar R$ 1,2 bilhão. Além disso, o Supremo analisa outros dois casos relacionados a contratos da Petrobras que podem derrubar uma condenação de ressarcimento de R$ 1,4 bilhão. Há ainda um terceiro processo com valor bilionário pendente de julgamento na corte de contas.

Mudança de entendimento do STF sobre prescrição

Desde 2016, o Supremo tem sinalizado ao TCU que processos buscando ressarcimento por irregularidades no uso de recursos públicos estão sujeitos a um prazo de prescrição de cinco anos. Essa mudança de entendimento, iniciada com o ministro Teori Zavascki, contrasta com a visão anterior de que tais ações seriam imprescritíveis. Em 2020, os ministros do STF começaram a proferir decisões que iam contra os julgamentos do Tribunal de Contas, e em 2022, a corte aplicou esse entendimento de forma definitiva para as ações no TCU.

Ministro Gilmar Mendes do STF analisa casos de prescrição em processos de ressarcimento ao erário.
Ministro Gilmar Mendes, do STF, criticou interrupções repetidas em prazos processuais.

Reações e busca por pacificação

Empresas condenadas pelo TCU passaram a recorrer ao Supremo alegando prescrição. A corte de contas, em resposta, criou uma resolução estabelecendo o prazo de cinco anos, mas com brechas para interrupção da contagem. O ministro Gilmar Mendes, do STF, criticou a repetição de interrupções, chamando-as de forma de burlar os prazos. Em nota, o TCU informou que seus presidentes se preparam para solicitar audiências com ministros do STF para pacificar o assunto e que um estudo sobre os processos que poderiam estar prescritos está em elaboração.

Sede do Tribunal de Contas da União (TCU) em Brasília.
O TCU busca dialogar com o STF para resolver a crise de prescrição.

Impacto estrutural e segurança jurídica

Para especialistas como Maria Rost, do Fenelon Barretto Rost Advogados, as decisões do STF representam um divisor de águas, exigindo celeridade do TCU e análise de responsabilidades por parte dos gestores públicos. A advogada ressalta que a segurança jurídica depende da clareza sobre os prazos processuais, especialmente em um sistema de responsabilização no setor público.

Advogada Maria Rost comenta impacto das decisões do STF na responsabilização pública.
Maria Rost: decisões do STF geram impacto estrutural na responsabilização pública.
Edifício do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília.
STF define entendimentos que impactam diretamente as decisões do TCU.
Documentos de processos judiciais relacionados a indenizações públicas.
A disputa por prazos de prescrição afeta processos judiciais com valores bilionários.

Fonte: Folha de S.Paulo

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