O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu as datas para o julgamento do chamado “núcleo 4”, grupo acusado de envolvimento na trama golpista e na tentativa de subverter o Estado Democrático de Direito. O ministro Cristiano Zanin agendou as sessões para os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro, quando serão julgados sete réus que buscaram reverter o resultado das eleições de 2022.
Este grupo é composto por militares e ex-integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), eles foram responsáveis pela disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e por fornecer apoio logístico aos ataques de 8 de janeiro de 2023. Entre os réus estão Ailton Gonçalves Moraes Barros, Ângelo Martins Denicoli, Carlos César Moretzsohn Rocha, Giancarlo Gomes Rodrigues, Guilherme Marques de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Reginaldo Vieira de Abreu.
Agenda de Julgamentos no STF
As sessões de julgamento do “núcleo 4” acontecerão nos dias 14 e 21 de outubro, com dois períodos de audiência (9h às 12h e 14h às 18h). Nos dias 15 e 22 de outubro, as sessões ocorrerão apenas no período da manhã (9h às 12h).
Integrantes do Núcleo 4 e Suas Acusações
Ailton Barros
Ailton barros, ex-militar próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, é um dos indiciados na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Expulso do Exército em 2006, Barros se declarava o “01 de Bolsonaro” durante sua campanha a deputado federal pelo PL em 2022.
Segundo a Polícia Federal, Barros integrava o núcleo encarregado de “incitar a adesão de militares ao golpe e difundir ataques a quem não aderisse aos planos da organização criminosa”. Ele teria atuado sob ordens do general Walter Braga Netto para pressionar e atacar comandantes das Forças Armadas que não apoiassem a ação.
Angelo Martins Denicoli
Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército e ex-membro da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), é apontado como peça-chave no grupo que promovia a disseminação de desinformação. As investigações da PF indicam que Denicoli atuava na produção e amplificação de notícias falsas e “estudos” que questionavam a segurança das eleições de 2022 e a lisura do sistema eleitoral.
O objetivo do grupo, segundo a PF, era estimular seguidores a se concentrar em quartéis e instalações das Forças Armadas, criando um ambiente propício para a execução do golpe.
Carlos Cesar Moretzsohn
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro formado pelo ITA e ex-presidente do Instituto Voto Legal, teve um papel ativo nos atos que visavam a desestabilização do Estado Democrático de Direito. Ele questionou a segurança das urnas eletrônicas e elaborou um laudo considerado falso pelo ministro Alexandre de Moraes, que foi usado para sustentar a tese de fraude eleitoral e a alegada Vitória de Bolsonaro.
Rocha participou de entrevistas e lives para difundir a tese de fraude, mesmo ciente da inconsistência dos dados apresentados.
Giancarlo Gomes Rodrigues
O subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues atuou na Abin sob o comando de Alexandre Ramagem e também no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o Governo Michel Temer. Rodrigues é acusado de realizar monitoramento clandestino de opositores políticos e coletar informações de forma ilegal para favorecer ações contra o Estado Democrático de Direito.
Guilherme Marques de Almeida
O tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia (GO), é um dos membros do núcleo 4 da trama golpista. Durante a Operação Tempus Veritatis, Almeida chegou a desmaiar ao receber a Polícia Federal. Em um áudio obtido pela PF, ele sugere a necessidade de “sair das quatro linhas” para viabilizar um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Marcelo Araújo Bormevet
Marcelo Araújo Bormevet, policial federal de Juiz de Fora, é acusado de integrar um grupo responsável por monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas, utilizando sistemas da Abin. Ele responde na denúncia da PGR aceita pelo STF por liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Reginaldo Vieira de Abreu
O coronel da reserva Reginaldo Vieira de Abreu é acusado de ter enviado fotos do ministro do STF Gilmar Mendes no aeroporto de Lisboa, Portugal, pouco antes de embarcar no mesmo voo para Brasília. As imagens foram compartilhadas por Abreu com o general Mário Fernandes, também investigado, via WhatsApp.
Fonte: Estadão