O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu uma nova etapa do julgamento da trama golpista, com a condenação de sete réus integrantes do chamado “núcleo de desinformação”. Conforme a decisão da Primeira Turma, o grupo criou e divulgou notícias falsas sobre urnas eletrônicas e o Judiciário com o objetivo de gerar instabilidade política e justificar medidas autoritárias, além de tentar abolir o Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022.
Uso da Abin e Próximas Etapas
A Turma também apontou o uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a produção de fake news e monitoramento ilegal de autoridades. A Primeira Turma é composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino, com divergência pontual de Luiz Fux.
Até o momento, o STF já condenou réus do “núcleo 1”, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, sentenciado a 27 anos e 3 meses de Prisão por participação e chefia de organização criminosa. Outros sete réus foram condenados neste pacote.
Condenações do ‘Núcleo 01’
No “núcleo 1”, as penas foram:
- Jair Bolsonaro: 27 anos e 3 meses de prisão.
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens): 2 anos de prisão em regime aberto.
- Walter Braga Netto (ex-ministro): 26 anos de prisão em regime fechado e 100 dias-multa.
- Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin): 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão, além de 50 dias-multa e perda do mandato de deputado federal.
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha): 24 anos de prisão em regime fechado e 100 dias-multa.
- Anderson Torres (ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do DF): 24 anos de prisão em regime fechado e 100 dias-multa.
- Augusto Heleno (ex-ministro do GSI): 21 anos de prisão em regime fechado e 84 dias-multa.
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa): 19 anos de prisão em regime fechado e 84 dias-multa.
Condenações do ‘Núcleo 04’
Já o “núcleo 4” teve as seguintes condenações:
- Ailton Gonçalves Moraes barros (capitão reformado do Exército): 13 anos e 6 meses de pena e multa de 120 salários mínimos.
- Ângelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército): 17 anos de pena e multa de 120 salários mínimos.
- Carlos César Moretzsohn Rocha (ex-presidente do Instituto Voto Legal): 7 anos e 6 meses de reclusão e 40 salários mínimos.
- Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente do Exército e ex-servidor da Abin): 14 anos de pena e multa de 120 salários mínimos.
- Guilherme Marques Almeida (tenente-coronel do Exército): 13 anos e 6 meses de pena e multa de 120 salários mínimos.
- Marcelo Araújo Bormevet (policial federal e ex-servidor da Abin): 14 anos e 6 meses de pena e multa de 120 salários mínimos.
- Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército): 15 anos e 6 meses de pena e multa de 120 salários mínimos.
Próximos Julgamentos
O próximo grupo a ser julgado é o “núcleo 3”, composto por nove militares e um agente da Polícia Federal (PF). Eles são acusados de atacar o sistema eleitoral e criar condições para ruptura institucional, com alegações de um plano para assassinar autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O julgamento está marcado para os dias 11, 12, 18 e 19 de novembro.
Os réus do “núcleo 3” são:
- Bernardo Romão Corrêa Netto
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
- Fabrício Moreira de Bastos
- Hélio Ferreira Lima
- Márcio Nunes de Resende Jr.
- Rafael Martins de Oliveira
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
- Ronald Ferreira de Araújo Jr.
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Wladimir Matos Soares (agente da PF)
O julgamento do “núcleo 2” está agendado para dezembro, com seis réus acusados de organizar ações para sustentar a tentativa de permanência ilegítima de Bolsonaro no poder. Eles respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Os réus do “núcleo 2” incluem:
- Filipe Martins (ex-assessor internacional de Bolsonaro)
- Marcelo Câmara (ex-assessor presidencial)
- Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF)
- Mário Fernandes (general do Exército)
- Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança Pública do DF)
- Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto da SSP/DF)
Fonte: Estadão