O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou categoricamente ter agido para prejudicar o deslocamento de eleitores durante o segundo turno das eleições de 2022. Vasques é um dos réus acusados de integrar o chamado “núcleo dois” da trama golpista, e sua Defesa apresentou alegações finais à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
A denúncia sustenta que Vasques teria coordenado ações para dificultar o Acesso de eleitores aos locais de votação, especialmente em municípios onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva era favorito. Em sua defesa, Vasques rebateu as acusações, afirmando que a percepção de interferência foi exagerada.
“O que se evidenciou naquele dia foi uma verdadeira tempestade fictícia disseminada pela internet e potencializada pela mídia, que, sem o devido compromisso com a checagem dos fatos, noticiou de forma equivocada que a Polícia Rodoviária Federal estaria bloqueando rodovias”, declarou a Defesa do ex-diretor da PRF.
Um dia antes do segundo turno, o ministro Alexandre de Moraes havia determinado a proibição de operações da PRF em rodovias. Apesar disso, diversas ações foram relatadas, levando Moraes a convocar Vasques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia da votação.
A Defesa argumenta que as operações realizadas em 2022 tiveram uma “repercussão desproporcional”. Segundo laudos periciais apresentados, nos locais supostamente afetados pelas blitze, houve um aumento no número de votos no turno da manhã. Isso, na visão da defesa, afasta qualquer tese de prejuízo eleitoral e sugere que a acusação se baseia mais em “conjecturas e amplificações de gestos ambíguos do que em provas objetivas de autoria ou participação”.
“Silvinei Vasques não atuou de forma alguma para direcionar o emprego da Polícia Rodoviária Federal para embaraçar, dificultar ou impedir qualquer cidadão brasileiro de exercer seu principal direito democrático: o voto”, reiterou a Defesa.
O Núcleo Dois e a Trama Golpista
O “núcleo dois” da suposta trama golpista seria responsável por ações que visavam manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. Além de Silvinei Vasques, outros nomes compõem este núcleo.
Outros Réus e Próximos Passos do STF
Integram este grupo Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça; Fernando de Sousa Oliveira, delegado da Polícia Federal (PF) e ex-secretário da Segurança Pública do DF; Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência e general da reserva; Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor de Bolsonaro; e Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência.
Com a apresentação das alegações finais por todos os réus, a Primeira Turma do STF deve definir a data para o julgamento. Até o momento, apenas os acusados do núcleo central foram julgados. Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão. O julgamento do núcleo quatro, focado em estratégias de desinformação, está previsto para começar em breve.
Fonte: Valor Econômico