COP-30: Setor Privado Ganha Protagonismo na Agenda Climática

Saiba como o setor privado se tornou protagonista da agenda climática na COP-30, com empresas apresentando soluções e buscando parcerias para um futuro sustentável.
setor privado protagonista COP — foto ilustrativa setor privado protagonista COP — foto ilustrativa

A COP-30, que se inicia em Belém, reflete uma tendência crescente: o setor privado se tornou um protagonista fundamental nas discussões sobre combate ao aquecimento global. Essa ascensão marca uma evolução das cúpulas, que, de eventos puramente técnicos, evoluíram para plataformas de mobilização e ação concreta.

A Evolução da Participação Privada nas COPs

Historicamente mais técnicas, as Conferências das Partes (COPs) começaram a incorporar o setor privado de forma mais expressiva a partir da Agenda de Ação, que visa transformar compromissos climáticos globais em medidas efetivas. Essa mudança buscou aproximar a agenda climática da realidade cotidiana, e o setor privado emergiu como um vetor essencial nesse processo, complementando a atuação de organizações civis e ativistas.

Viviane Romeiro, diretora de Clima e Energia do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), destaca o aumento significativo no interesse empresarial. “Para a COP do ano passado, no Azerbaijão, o CEBDS recebeu cerca de 80 pedidos de associados para se credenciarem no evento. Neste ano, foram quase 300 solicitações”, revela.

Blue Zone e Green Zone: Palcos da Atuação Empresarial

O setor privado atua em duas frentes principais dentro das COPs: a Blue Zone e a Green Zone. A Blue Zone é o espaço onde ocorrem as negociações diplomáticas, com pavilhões de países e organizações que apresentam suas agendas, buscam parcerias e expõem tecnologias e soluções para o aquecimento global. Já a Green Zone, concebida para ampliar o debate com a sociedade civil, funciona como uma vitrine aberta ao público, democratizando o Acesso à COP.

Diagrama ilustrando a estrutura da COP-30 em Belém.
Estrutura da COP-30 em Belém.

Do Agronegócio ao Petróleo: Vozes Diversas nas Discussões Climáticas

As cidades-sede das convenções também sediam programações paralelas. Em Belém, o agronegócio terá seu espaço na AgriZone, dentro da Embrapa. Entidades e empresas do setor apresentarão suas práticas sustentáveis, especialmente considerando que o agronegócio é um dos maiores emissores de gases poluentes no Brasil.

O setor de petróleo, incluindo empresas como a Petrobras e entidades como o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), também estará presente. “O advocacy é múltiplo. Em Dubai (na COP de 2023), a principal delegação foi a do próprio Emirados Árabes Unidos. Ali havia um lobby forte pelos combustíveis fósseis”, lembra Romeiro, mas pondera que “ampliar o debate para diferentes atores faz parte do processo”.

Além da atuação direta, empresas buscam nas COPs captar recursos para projetos sustentáveis. O Instituto Amazônia 21+ lançará o fundo Travessia para apoiar negócios da bioeconomia amazônica.

Empresas Líderes Promovem Soluções Climáticas no Brasil

A Natura apresentará seu projeto de produção agroflorestal de óleo de palma (dendê) em Belém, buscando parceiros para expandir a iniciativa e inspirar outros países. A empresa, que protege 2,2 milhões de hectares de florestas e tem como meta 3 milhões até 2030, vê a COP como vitrine de suas práticas e trajetória.

Junto com Bradesco, Itaúsa, Itaú Unibanco, Marcopolo, Nestlé e Vale, a Natura participa da iniciativa C.A.S.E., que dará visibilidade a soluções climáticas no Brasil. O projeto contará com debates com cientistas e economistas de renome, como a diplomata Christiana Figueres e a Nobel de Economia Esther Duflo.

O Bradesco, participante de COPs desde 2021, foca em como o setor financeiro pode apoiar a transição energética e financiar clientes nessa jornada. O banco participará de discussões sobre financiamento climático e negócios sustentáveis.

A Coca-Cola, presente em COPs desde 2009, utiliza o evento para compartilhar suas boas práticas e experiências, destacando a importância da COP como ambiente para inovação e ações de impacto real. A empresa abordará temas como resíduos e uso de água.

Fonte: Estadão

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