Senado aprova proibição de aborto após 22 semanas, mesmo em casos legais

Comissão do Senado aprova projeto que proíbe aborto após 22 semanas de gestação, mesmo em casos legais como estupro ou risco à vida.
Foto ilustrativa sobre as situações em que o aborto é permitido no Brasil, um tema relacionado à proibição após 22 semanas de gestação. Foto ilustrativa sobre as situações em que o aborto é permitido no Brasil, um tema relacionado à proibição após 22 semanas de gestação.

A Comissão de direitos humanos (CDH) do Senado Federal aprovou, em sessão simbólica, um projeto que proíbe a realização de abortos após a 22ª semana de gestação, independentemente das circunstâncias. A proposta, que altera o Código Civil, estabelece que o nascituro terá direito à vida sadia a partir desse período gestacional.

O texto impede que abortos sejam realizados após a 23ª semana, mesmo nas hipóteses atualmente permitidas por lei e pelo Supremo Tribunal Federal (STF): risco à vida da mãe, gravidez resultante de estupro e fetos anencéfalos. Em vez do aborto, a proposta sugere a antecipação do parto.

Nos casos de comprovado risco grave à vida da gestante, o projeto determina que, além da antecipação do parto, esforços devam ser feitos para manter a vida do feto. A proposta não aborda explicitamente os abortos de fetos inviáveis antes da 22ª semana.

Restrições ao Aborto Legal Ganham Força no Congresso

Diversos setores do Congresso Nacional têm defendido, há anos, a aprovação de propostas restritivas ao aborto. Projetos com teor semelhante já avançaram na Câmara e no Senado, mas enfrentaram resistência e mobilizações populares.

Em 2023, foi criada uma Frente Parlamentar Mista contra o Aborto. Figuras como Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da CDH, e Eduardo Girão (Novo-CE), relator da proposta, têm sido vozes ativas na Defesa dessas restrições.

O projeto aprovado pela CDH reconhece a “vida intrauterina” como expressão da dignidade humana e assegura direitos aos fetos, determinando que o Estado deve defendê-los, inclusive por meio de curadores especiais e da Defensoria Pública.

Legislação Atual e Jurisprudência do STF sobre o Aborto

Atualmente, a legislação brasileira criminaliza o aborto, com exceções que permitem a interrupção da gravidez em casos de risco à vida da mãe ou quando a gestação é resultado de estupro. O STF também estendeu esse direito para casos de fetos anencéfalos.

Embora a lei não estabeleça um limite temporal para o aborto legal, decisões judiciais em todo o país têm impedido o procedimento após a 22ª semana, com base em normas técnicas e resoluções do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em setembro de 2023, o STF iniciou o julgamento de uma ação para descriminalizar o aborto realizado até 12 semanas de gestação. A relatora, ministra Rosa Weber, votou a favor da descriminalização, mas o julgamento foi suspenso após pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso.

Três situações em que o aborto é permitido no Brasil, conforme indicado pela legenda de foto de arquivo.
Situações em que o aborto é permitido no Brasil.

Fonte: G1

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