Apesar da taxa Selic mantida em 15% ao ano pelo Copom, a Bolsa brasileira tem mostrado resiliência. O Ibovespa atingiu um novo Recorde de fechamento, desafiando a lógica de que ativos de risco não performam bem em cenários de política monetária contracionista. Especialistas indicam otimismo, com projeções apontando para o Ibovespa superar os 150 mil pontos ainda em 2024.
Luciano Boudjoukian França, sócio-fundador e gestor da Paramis Avantgarde Asset Management, ressalta que o momento exige uma abordagem seletiva, mas que a assimetria favorável persiste para investidores com visão de médio e longo prazo. Segundo ele, a manutenção dos juros pelo Banco Central contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e reforça a credibilidade da política monetária, melhorando a percepção de risco do Brasil e abrindo espaço para a valorização de ativos de risco.
Bolsa ainda tem fôlego?
Tales barros, líder de renda variável da W1 Capital, projeta que o Ibovespa operará acima de 150 mil pontos com tranquilidade quando os juros futuros começarem a cair de forma consistente. Fernando Siqueira, head de research da Eleven Financial, pondera que, apesar de ser um bom ano, a alta do Ibovespa ainda não é tão expressiva comparada a outros períodos. João Daronco, analista da Suno Research, concorda e alerta para a necessidade de aprofundar análises em cada companhia e aumentar a seletividade.
A proximidade de um ano eleitoral, que pode impulsionar uma política fiscal mais restritiva e favorecer a redução dos juros, também é vista como um fator positivo para a Bolsa, de acordo com França. Ele adiciona que os valuations na bolsa brasileira seguem comprimidos enquanto os fundamentos são sólidos. Daronco reforça que a Bolsa brasileira, em média, continua descontada em comparação a métricas históricas, indicando fôlego para continuar subindo. França mantém uma visão construtiva para os ativos de risco no Brasil, acreditando que o mercado ainda não precificou totalmente o potencial de normalização da taxa de desconto.
O que comprar e evitar agora
A diversificação se torna crucial neste cenário. Ações em setores defensivos podem continuar performando bem, enquanto papéis de setores mais sensíveis aos juros têm potencial de valorização. Barros recomenda ter uma reserva para aproveitar correções e ficar atento a setores como seguradoras, consumo cíclico e commodities. Siqueira prefere nomes que se beneficiam da queda da Selic, como os do setor financeiro, varejo e utilidades públicas, além de small caps.
Luciano França indica empresas ligadas à energia elétrica e outros setores regulados ou com receitas indexadas à inflação, por preservarem margens em cenários de transição monetária. A exposição a ativos domésticos, que se beneficiam da queda estrutural do juro real, também é vista como positiva. Por outro lado, França aconselha evitar empresas excessivamente alavancadas, negócios com margens pressionadas por commodities ou câmbio, e ações com múltiplos já esticados, especialmente aquelas que dependem unicamente de cortes de juros.
Fonte: InfoMoney