Segurança Pública: Lula e Castro disputam o debate eleitoral de 2026

Crise no RJ intensifica disputa entre Lula e Cláudio Castro sobre segurança pública. Operações letais x combate à lavagem de dinheiro pautam debate eleitoral de 2026.
segurança pública Rio de Janeiro — foto ilustrativa segurança pública Rio de Janeiro — foto ilustrativa

A recente operação policial no Rio de Janeiro, que resultou em pelo menos 121 mortos, intensifica a disputa entre a direita, representada pelo governador Cláudio Castro (PL), e a esquerda, liderada pelo presidente Lula (PT), sobre as perspectivas para a segurança pública no cenário eleitoral de 2026. Segundo cientistas políticos ouvidos pela Folha, a crise no RJ já pauta o debate.

Operação “Contenção” e a Estratégia da Direita

A ação policial, batizada de “Contenção”, é a mais letal da história do Rio de Janeiro e reforça a aposta de setores da direita em uma fórmula que atrai parte da população: a mensagem de polícia nas ruas, mesmo com condutas violentas. Essa abordagem, que prega que “bandido bom é bandido morto”, é um trunfo eleitoral.

Governador Cláudio Castro em coletiva de imprensa sobre segurança no Rio de Janeiro
Governador Cláudio Castro busca capitalizar eleitoralmente com políticas de segurança mais duras.

O embate eleitoral ficou evidente com as declarações de Castro, que afirmou atuar sozinho no combate ao crime e criticou a falta de apoio do governo Lula. Isso gerou reações do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Beto Vasques, professor de comunicação política da FESPSP, avalia que esse tipo de operação, com “viés fortemente eleitoreiro”, gera ativo político positivo em um momento de alta preocupação com a violência. Ele lembra que Castro já utilizou Táticas semelhantes antes das eleições de 2022, com operações em Jacarezinho e na Vila Cruzeiro.

A Resposta da Esquerda e a PEC da Segurança Pública

Em contrapartida, a gestão federal petista busca colar sua imagem em medidas para a área de segurança, mas com uma proposta de combate à criminalidade a partir de uma frente não violenta. Exemplos disso são a operação Carbono Oculto, contra fraudes e lavagem de dinheiro, e a PEC da Segurança Pública, que visa reforçar a atuação federal no setor.

Presidente Lula discute políticas públicas para segurança no Brasil
Presidente Lula aposta em medidas federais e na PEC da Segurança Pública.

A PEC da Segurança Pública, que está sob análise no Congresso, é usada como bandeira para um tema considerado um calcanhar de Aquiles para a esquerda. Nos últimos meses, o governo Lula tem reforçado discursos em defesa dos mais pobres e pela soberania nacional.

Disputa de Narrativas e Perspectivas para 2026

Elias Tavares, cientista político e especialista em marketing eleitoral, vê a retomada da pauta da segurança como uma oportunidade para a direita, sendo um “ativo importante para qualquer gestor público”. Ele sugere que a polarização nacionaliza o debate, que poderia ficar restrito ao Rio de Janeiro.

Paulo Ramirez, cientista político da ESPM, interpreta a operação de Castro como uma tentativa de tirar seu campo político do limbo e fortalecer sua imagem, possivelmente visando uma candidatura ao Senado em 2026. A ação abre espaço para uma disputa de narrativa, com o governo Lula associando-se a operações contra lavagem de dinheiro e Castro focando no combate direto às favelas.

Guilherme Boulos (PSOL), ao tomar posse como ministro da Secretaria-Geral da Presidência, já abordou essa dicotomia, afirmando que o crime organizado muitas vezes está na lavagem de dinheiro, citando a operação Carbono Oculto.

Manifestação popular no Rio de Janeiro discutindo segurança pública
A população do Rio de Janeiro acompanha de perto os debates sobre segurança pública.

O cenário também é influenciado por outros eventos, como a crise do metanol e o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP, Ruy Ferraz Fontes, que pressionaram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Essa dinâmica complexa molda a forma como a segurança pública será tratada na corrida eleitoral de 2026.

Fonte: Folha de S.Paulo

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