O Ministro do Turismo, Celso Sabino, validou a decisão do Governo Luiz Inácio Lula da Silva de remover indicados políticos de cargos federais, especialmente aqueles ligados a parlamentares que demonstraram infidelidade ao governo. Essa manobra ocorre após o Centrão ter barrado uma medida provisória crucial referente ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na semana passada.
Sabino utilizou a metáfora de um casamento para descrever a situação: “Eu particularmente acho que não dá pra ser casado e ter vida de solteiro”, declarou, em clara alusão às alianças políticas instáveis. A tensão é evidente, uma vez que o próprio ministro foi suspenso pelo União Brasil, seu partido, por ter optado por permanecer em seu cargo, contrariando a orientação partidária. Sabino chegou a apresentar sua renúncia a Lula, mas o presidente o convenceu a permanecer.
Alinhamento da Base Aliada Pós-Derrota no Congresso
Anteriormente, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, reconheceu que o governo está em processo de “arrumar” sua base de apoio, mas negou que as recentes mudanças configurem uma retaliação direta à derrota legislativa. “As indicações para ocupar cargos serão retiradas e nós vamos alocar essas indicações para aqueles que estão com o governo. Se quiserem continuar nos cargos, eles [partidos] têm que reavaliar a postura. Estamos sim afastando aqueles cargos de indicados [do Congresso], mas isso não quer dizer que acabou o diálogo. Agora tem que votar com o governo, não é justo continuar nesses cargos”, afirmou Gleisi em Entrevista. 
Processo de Mapeamento e Diálogo com o Congresso
De acordo com a ministra, o “mapeamento” dos cargos e das lealdades políticas deve se estender até o final da semana corrente. “Vamos aproveitar isso para arrumar a base aliada do governo. Estamos passando um olhar por todos os órgãos. Ainda não terminamos esse mapeamento, já foram alguns [demitidos]. Tem gente nos procurando pra conversar e nós vamos conversar de forma direta. Você tem uma pessoa que vive na sua casa, come da comida, mas não é legal com você, qual tem de ser a reação?”, questionou. Essa estratégia visa reforçar a coesão na base governista, garantindo maior apoio em votações futuras.
Exonerações em Órgãos Federais Importantes
Nos últimos dias, o portal Valor apurou que diversas exonerações de apadrinhados políticos ocorreram em órgãos relevantes do governo federal. Entre eles, destacam-se a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Essas ações indicam uma reconfiguração estratégica na gestão de cargos comissionados, buscando alinhar a administração com os objetivos políticos do governo.
Fonte: Valor Econômico
