A atual concentração de investimentos em renda fixa no Brasil não é sustentável a longo prazo, alertou Roberto Chagas, responsável pela área de renda variável da Santander Asset Management. Ele ressalta que o cenário de juros restritivos não perdurará para sempre.
Cenário de Juros e Distribuição de Investimentos
Chagas explicou que, embora o investidor brasileiro seja mais dependente dos juros domésticos, a expectativa é de uma melhor distribuição para outras classes de ativos quando as taxas de juros retornarem a patamares normais. Ele avalia que o cenário externo, com a desaceleração da economia americana e o enfraquecimento do dólar, está impulsionando investimentos globais, mas o Brasil pode se beneficiar dessa tendência.
Oportunidades em Renda Variável
Em relação à renda variável, a estratégia da Santander Asset é focar em dividendos. A gestora indica a constituição de carteiras com ações de empresas sólidas, que demonstram previsibilidade, recorrência e crescimento nos pagamentos de dividendos. Essa abordagem visa um investimento mais estável e menos volátil, contrastando com a busca por empresas com potencial explosivo de crescimento.
“Emoção é corrida de carro. O monótono é bom, não é preciso buscar uma empresa que vai explodir”, resumiu Chagas, citando como exemplo ações de bancos, geradoras de energia e seguradoras. Ele destacou que, em um período de cinco anos, o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) apresentou uma alta de 63%, enquanto o IDIV (índice de dividendos) avançou 90%, demonstrando o potencial dessa classe de ativos.
Projeções Econômicas e Impacto no Brasil
O executivo considera o corte de juros nos Estados Unidos como um movimento positivo, mesmo diante de sinais econômicos conflitantes. Ele acredita que essa ação abre caminho para o afrouxamento monetário no Brasil já no primeiro trimestre de 2026. Chagas vê um reequilíbrio global, com o mundo tornando-se menos dependente dos Estados Unidos.
Fonte: Valor Econômico