O Partido Liberal (PL) deposita suas esperanças em Renato Bolsonaro, irmão mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro, para manter sua força política no estado de São Paulo nas eleições de 2026. Sem os tradicionais puxadores de votos de 2022, a sigla busca revigorar sua bancada federal paulista com uma aposta que, historicamente, apresenta desafios, já que Renato venceu apenas uma das oito eleições que disputou.
A Estratégia do PL e a Pré-Campanha de Renato Bolsonaro
Diante da iminência de encolhimento da bancada, o PL antecipou a pré-campanha de Renato. Um marqueteiro exclusivo foi contratado para gerenciar sua imagem, e ele já percorre o interior paulista. O número 2222, anteriormente associado a Eduardo Bolsonaro, foi destinado a Renato, evidenciando a aposta familiar.
A decisão de lançar Renato foi articulada pelo próprio Jair Bolsonaro, que, mesmo em Prisão domiciliar, participa ativamente das estratégias eleitorais.
Desafios do PL em São Paulo para 2026
A principal preocupação do bolsonarismo em São Paulo é a ausência de nomes fortes que dominaram as urnas em 2022. Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Ricardo Salles e Guilherme Derrite somaram mais de 2,5 milhões de votos, mas não disputarão a Câmara pelo PL em 2026. Zambelli enfrenta prisão na Itália após condenação pelo STF; Eduardo Bolsonaro está em autoexílio nos EUA; Ricardo Salles filiou-se ao Novo para disputar o Senado; e Derrite trocou o PL pelo PP, também com foco no Senado, embora não descarte uma candidatura ao governo de SP.
“Houve um esvaziamento de puxadores de votos, e o partido está preocupado com isso”, admitiu Renato em Entrevista ao Estadão. Ele revelou que o convite para disputar partiu do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e de Jair Bolsonaro, e que ele não poderia recusar em um momento tão crucial para o partido.
Expectativas de Votos e Busca por Novos Nomes
O PL espera que Renato Bolsonaro conquiste entre 500 mil e 700 mil votos, um número inferior aos mais de 946 mil de Carla Zambelli em 2022. A legenda também planeja apostar no vereador Lucas Pavanato, o mais votado para a Câmara Municipal de São Paulo no último pleito. Lideranças do PL paulista buscam ativamente outros nomes competitivos, incluindo figuras fora do círculo político tradicional.
O advogado e ex-comentarista Tiago Pavinatto, conhecido por defender a anistia, foi sondado, mas recusou a oferta. A fragmentação de votos entre diversas candidaturas é uma preocupação.
Renato Bolsonaro: Trajetória e Influência Familiar
Renato Bolsonaro ingressou nas Forças Armadas, chegando a capitão de Artilharia e curso de paraquedista. Deixou a carreira militar em 1994 para disputar uma vaga de deputado federal, sem sucesso. Em 1996, foi eleito vereador em Praia Grande. Desde então, concorreu a outras seis eleições para vereador ou prefeito sem êxito. Em 2024, declarou patrimônio de R$ 3,2 milhões à Justiça Eleitoral. Ele também atuou como assessor parlamentar na Alesp, sendo exonerado em 2016 após denúncias de “funcionário fantasma”, episódio que, segundo ele, foi arquivado por falta de provas.
A comunicação de Renato passou a ser comandada por Fernando Ivo Antunes, especialista em marketing político. A estratégia visa expandir sua presença para além de sua base eleitoral, focando em cidades com forte presença do bolsonarismo e estrutura do PL. Renato reconhece que seu principal trunfo é o vínculo familiar com Jair Bolsonaro, mas garante ter opiniões próprias, descrevendo-se como mais calmo e ponderado que o irmão. Aliados o veem como mais “bonachão” e com boa relação familiar.
O Legado e os Próximos Passos
A aposta do PL em Renato Bolsonaro reflete a urgência em reestruturar sua base eleitoral em São Paulo para as próximas eleições. A família Bolsonaro permanece como centro das estratégias do partido, que busca equilibrar a influência histórica com a necessidade de renovação e conquista de novos votos.
Fonte: Estadão