STF Define Regras para Operações Policiais em Favelas do Rio de Janeiro

STF define regras para operações policiais em favelas do Rio de Janeiro após megaoperação letal. Entenda as decisões sobre preservação de locais e investigações.
Operações policiais em favelas do Rio — foto ilustrativa Operações policiais em favelas do Rio — foto ilustrativa

O Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu um conjunto de regras cruciais para a condução de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro. Essa decisão, parte da ADPF das Favelas, visa regular a atuação das forças de segurança em áreas de alta vulnerabilidade, após a recente megaoperação que resultou em 64 mortos.

Regras Detalhadas para Operações Policiais

O Tribunal especificou procedimentos a serem seguidos pelo Governo estadual em operações que resultem em mortes, tanto de civis quanto de agentes:

O local da ocorrência deve ser preservado sem alterações. As autoridades competentes, o comandante do batalhão e a corregedoria da PM ou delegado de sobreaviso devem ser comunicados imediatamente. O Ministério Público será acionado e pode designar um promotor para comparecer à cena. Delegados deverão recolher provas e qualificar testemunhas, com a polícia técnica responsável pela perícia e remoção de cadáveres, incluindo documentação fotográfica completa. Toda morte por intervenção policial exigirá autópsia obrigatória. Corregedorias da PM e Polícia Civil deverão concluir investigações em até 60 dias, e o Ministério da Justiça adaptará o sistema Sinesp para dados desagregados.

Proporcionalidade e Comunicação de Operações

Uma megaoperação com cerca de 2.500 policiais civis e militares foi deflagrada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 2025. O STF determinou que as forças de segurança não precisam comunicar previamente as operações. Contudo, ações devem seguir diretrizes de legalidade, proporcionalidade e direitos humanos.

Megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, Rio de Janeiro, com grande efetivo de policiais.
Megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, Rio de Janeiro.

O uso proporcional da força é mandatório, avaliando o grau adequado a cada contexto. Justificativas posteriores das operações são permitidas, desde que documentadas. O atendimento psicossocial para agentes em incidentes críticos se torna obrigatório, visando apoio emocional. Em buscas domiciliares, o tribunal impôs rigor: diligências devem ocorrer durante o dia, com ingresso forçado vedado à noite, salvo exceções. A busca deve ser justificada e limitada ao seu objetivo.

Monitoramento e Uso de Câmeras Corporais

O STF definiu a inclusão de novos indicadores para monitorar uso excessivo de força e mortes com autoria indeterminada. O Rio de Janeiro deverá publicar dados sobre mortes de civis e policiais em confrontos. O Tribunal reconheceu os avanços no uso de câmeras corporais pela PM e determinou que, em até 180 dias, o estado comprove a implantação das câmeras em viaturas, abrangendo todas as ações ostensivas e operações policiais.

Investigação da PF e Plano de Retomada Territorial

O STF também ordenou à Polícia Federal a instauração de um inquérito para apurar crimes de organizações criminosas no Rio com repercussão interestadual e internacional, incluindo violações de direitos humanos. Será criada uma equipe permanente na PF para inteligência sobre facções e suas conexões com agentes públicos. Coaf e Receita Federal darão prioridade máxima às diligências. Adicionalmente, o Estado do Rio deve elaborar um plano de retomada territorial financiado com recursos federais, estaduais e municipais, incluindo emendas parlamentares.

Fonte: G1

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade