As emissões de títulos de renda fixa atingiram um novo marco, totalizando R$ 487,3 bilhões entre janeiro e setembro. Este volume representa um crescimento de 0,5% em comparação com o mesmo período de 2024, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
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Mercado Secundário Impulsiona Volume de Debêntures
As ofertas envolvendo debêntures, que dominam as operações de renda fixa, registraram uma expansão de 0,6%, alcançando R$ 317,6 bilhões. Um dos principais impulsionadores desse resultado foi o notável crescimento das negociações no Mercado secundário. Este segmento representou mais que o dobro das emissões realizadas no mercado primário.
No período de janeiro a setembro, o volume de transações com debêntures no mercado secundário atingiu R$ 651 bilhões, um aumento de quase 23% em relação ao mesmo intervalo de 2024. César Mindof, diretor da Anbima, destacou a importância dessa dinâmica:
“Para termos um mercado primário funcionando bem, precisamos também de um secundário que consiga dar liquidez. Nos últimos anos, notamos volumes parecidos entre primário e secundário, mas agora há um ‘gap’ maior. Vemos isso de forma positiva porque nos dá Confiança e a indicação de que o mercado de capitais está no caminho certo.”
Mercado de Capitais Enfrenta Recuo, Renda Variável em Baixa
Em um panorama mais amplo, as emissões no mercado de capitais como um todo chegaram a R$ 528,5 bilhões, apresentando um recuo de 3,5% na comparação anual. Essa diminuição é atribuída, em parte, à escassez de operações em renda variável, um cenário que não há previsão de melhora no curto prazo.
Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, aponta que ainda faltam condições para destravar operações de maior porte em renda variável.
“IPO (oferta pública inicial de ações) depende muito mais do macro e é difícil de falar [sobre o que pode acontecer no próximo ano] (…) Não consigo enxergar nada muito relevante no horizonte”, declarou Maranhão.
Perspectivas para 2026 e Preocupações Regulatórias
Olhando para 2026, Mindof projeta um certo grau de antecipação na captação de recursos por parte das empresas, especialmente considerando a volatilidade natural de um período eleitoral. No entanto, ele ressalta que há limites para essa antecipação e que a expectativa geral é de um mercado de capitais “funcional e ativo” para o próximo ano, com continuidade dos fluxos para a renda fixa.
Por outro lado, Maranhão indicou que a principal preocupação do mercado não é com as eleições, mas sim com potenciais mudanças regulatórias, como a tributação de dividendos. Este tema pode influenciar as decisões de investimento e a dinâmica do mercado financeiro.
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Fonte: Valor Econômico