O rabino Ruben Sternschein foi afastado de suas atividades e não participará de um ato inter-religioso em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, que completa 50 anos de seu assassinato neste sábado (25). A decisão ocorre após a revista piauí publicar denúncias de que Sternschein cometeu assédio sexual contra cinco mulheres.


Afastamento e Denúncias
Sternschein foi afastado de suas funções na Congregação Israelita Paulista (CIP) nesta quarta-feira (22). Segundo o Instituto Vladimir Herzog, a CIP informou sobre o afastamento, justificando a impossibilidade de sua participação na solenidade. A escolha de um substituto para a cerimônia inter-religiosa será definida pela própria congregação.
“Aguardamos definição da representação da comunidade judaica, que será conduzida por outro líder religioso, ainda não definido, preservando o caráter plural e simbólico da cerimônia, que reafirma os valores da memória, da Justiça e da democracia”, informou o Instituto Vladimir Herzog em nota.

Posicionamento da CIP
A CIP emitiu uma nota em seu site comunicando o afastamento de Sternschein “por prazo indeterminado durante as investigações”. A congregação afirmou que recebeu formalmente apenas uma denúncia e que nenhuma irregularidade foi comprovada após apuração.
“Rejeitamos qualquer forma de assédio ou discriminação e seguimos atuando com transparência, justiça e responsabilidade, como sempre fizemos em nossos quase 90 anos de história”, declarou a congregação em seu comunicado. O rabino Ruben Sternschein não se manifestou sobre as acusações.

Contexto Histórico do Ato
A cerimônia deste sábado (25), que também ocorrerá na Catedral da Sé, busca recriar a solenidade realizada após a morte de Herzog em outubro de 1975. Na ocasião, o arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, o reverendo presbiteriano Jamie Wright e o rabino Henry Sobel promoveram um ato ecumênico que reuniu cerca de 8.000 pessoas, tornando-se um dos mais emblemáticos atos contra a ditadura militar.
Sternschein havia sido convidado para representar o rabino Henry Sobel, conhecido por sua oposição ao regime. Sobel desafiou a ditadura ao se recusar a sepultar Herzog como vítima de suicídio, contrariando a versão oficial que encobria o assassinato do jornalista durante tortura nas dependências do DOI-Codi.
Fonte: Folha de S.Paulo