Ouro e Prata despencam após rali histórico: Análise de queda em 12 anos

O ouro registrou sua maior queda em 12 anos nesta terça-feira, enquanto a prata teve o maior recuo desde fevereiro de 2021. Essa desvalorização ocorreu após um rali de semanas que levou os metais preciosos a sucessivos recordes históricos. O ouro à vista chegou a cair 6,3%, para US$ 4.082,03 a onça, e a prata à vista recuou até 8,7%, para US$ 47,89 a onça.

Fatores que Pressionam Metais Preciosos

Uma combinação de fatores contribuiu para a pressão sobre os preços. Entre eles, destacam-se os avanços nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos, o fortalecimento do dólar americano e indicadores técnicos que apontavam para um mercado sobrecomprado. Além disso, a incerteza sobre o posicionamento dos investidores foi exacerbada pela paralisação do governo americano e pelo fim de um período sazonal de compras na Índia.

A demanda por metais preciosos como proteção diminuiu significativamente com a expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, se encontrem na próxima semana para tentar resolver diferenças comerciais. O índice de força relativa do ouro indicava que os preços estavam bem acima da zona de sobrecompra, e um dólar mais forte também encareceu os metais para a maioria dos compradores.

Análise de Especialistas e Vulnerabilidade do Mercado

Segundo Ole Hansen, estrategista de commodities do Saxo Bank AS, “Nas últimas sessões, os traders têm olhado cada vez mais para trás, preocupados com uma correção e consolidação”. Ele acrescenta que “É durante as correções que a verdadeira força de um Mercado é revelada, e desta vez não deve ser diferente, com uma demanda subjacente provavelmente limitando qualquer recuo.”

A paralisação do Governo dos EUA privou os operadores de commodities de um de seus instrumentos mais valiosos: o relatório semanal da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), que detalha o posicionamento de fundos de hedge e outros gestores nos futuros de ouro e prata. A ausência desses dados pode levar especuladores a montar posições excessivamente grandes, aumentando a vulnerabilidade do mercado.

“A ausência de dados de posicionamento ocorre em um momento delicado, com possível acúmulo de posições compradas especulativas em ambos os metais, tornando-os mais vulneráveis a correções”, comentou Hansen. A volatilidade nos metais preciosos aumentou nos últimos dias, com traders buscando se proteger contra quedas ou lucrar com o recuo.

Perspectivas para Ouro e Prata

Tatiana Darie, estrategista macro da Bloomberg, observou que, embora as participações de ouro em ETFs não tenham atingido picos históricos, os ralis frequentemente se estendem por mais tempo. No entanto, a história mostra que o momento eventualmente perde força, e as compras podem se transformar em vendas. Uma economia dos EUA mais robusta do que o esperado pode sinalizar uma correção maior para o ouro.

A prata, após disparar quase 80% neste ano, também recuou. Seus ganhos foram impulsionados por fatores macroeconômicos semelhantes aos do ouro, além de um aperto histórico no mercado de Londres. Na terça-feira, os estoques de prata em cofres vinculados à Bolsa de Futuros de Xangai registraram a maior saída diária desde fevereiro, com os estoques em Nova York também em queda.

Fonte: InfoMoney