A escalada de fraudes digitais no Brasil tem se tornado uma preocupação crescente. O avanço tecnológico, apesar de seus benefícios, abriu novas vulnerabilidades que podem ser exploradas para fins de corrupção, minando a confiança no ambiente digital e a integridade institucional.
Escala das Fraudes Digitais no Brasil
Um relatório global da TransUnion revelou que 53% dos adultos em 18 países foram alvos de golpes digitais entre agosto e dezembro de 2024. No Brasil, 40% declararam ter sofrido tentativas de fraude e 10% foram efetivamente lesados. O país se posiciona em sexto lugar em transações suspeitas, com 6,1%, superando a média global de 5,4%, indicando que a manipulação de dados pessoais é um insumo valioso para o crime.
Golpe do Falso Advogado: Exploração de Dados e Confiança
O “golpe do falso advogado” exemplifica como criminosos utilizam informações obtidas em processos judiciais, registros públicos ou dados vazados para simular identidades. Ao explorar a sensação de urgência, induzem as vítimas ao pagamento de valores indevidos, demonstrando como a Falta de controle sobre dados institucionais alimenta a corrupção digital.
Respostas Institucionais e a LGPD como Pilar
Para combater essas fraudes, algumas medidas institucionais foram implementadas, como plataformas de verificação para autenticar profissionais e campanhas educativas. No entanto, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor desde 2020, é um marco fundamental. Para sua eficácia, a LGPD precisa ser integrada à cultura de integridade das instituições, com controles, auditorias e governança efetiva, não sendo apenas uma formalidade documental.
A proteção de dados deve ser vista como parte essencial do compliance e da governança corporativa. A adoção de práticas como criptografia, monitoramento de anomalias, testes de vulnerabilidade e segregação de acessos são cruciais. Auditorias externas e certificações em segurança da informação reforçam a credibilidade.
Fortalecimento da Fiscalização e Educação Digital
No setor público, o fortalecimento dos órgãos de fiscalização é indispensável. Reguladores e órgãos de controle necessitam de equipes capacitadas em tecnologia e instrumentos legais ágeis. A coordenação entre corregedorias, polícias especializadas e tribunais de contas deve ser intensificada, visto que a corrupção digital frequentemente se Liga a crimes como lavagem de ativos e fraudes processuais.
A educação em segurança digital é outro ponto essencial. Capacitar o cidadão para identificar phishing, vishing e outras Táticas de engenharia social é vital. Programas de cidadania digital devem ser incorporados ao currículo escolar e em treinamentos profissionais para reduzir o espaço explorado por fraudadores.
Impacto na Confiança e Integridade Digital
O impacto de cada fraude vai além do prejuízo financeiro, corroendo a confiança entre a sociedade e as instituições. Quando cidadãos duvidam da autenticidade de comunicações oficiais ou temem usar serviços digitais, a democracia e a transparência são fragilizadas. A proteção de dados, portanto, é uma barreira contra a corrupção que usa informações como matéria-prima.
A construção de um ambiente digital íntegro exige cooperação entre Estado, setor privado e sociedade civil. Informar, prevenir e agir coletivamente são os caminhos para restaurar a confiança e conter essa nova fronteira da criminalidade. A integridade digital deixou de ser opcional, tornando-se condição para a legitimidade institucional, o desenvolvimento econômico sustentável e a segurança dos dados dos cidadãos, protegendo o futuro digital do País.
Fonte: Estadão