O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, optou por permanecer em silêncio durante seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão ocorreu após a Polícia Federal (PF) ter realizado buscas e apreensões na sede do sindicato e na residência de Milton na manhã desta quinta-feira (9).
A oitiva do dirigente sindical já estava agendada, mas a operação da PF adicionou um novo elemento ao caso. Com base em um habeas corpus concedido pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), Milton tinha o direito de não responder a perguntas por ser investigado pela PF. Apesar disso, ele compareceu à CPMI.
Em suas declarações iniciais, Milton negou que o Sindnapi tenha prejudicado aposentados e pensionistas, reafirmando o compromisso da entidade com a verdade. Contudo, explicou que, devido à operação policial realizada em sua casa pela manhã, não se sentia confortável para responder às questões dos parlamentares. Ele se colocou à disposição para um novo comparecimento, caso seus advogados o orientassem, para demonstrar a lisura de seu sindicato. 
A ação da PF não se limitou à sede do Sindnapi e às residências de Milton e outros diretores. Foram cumpridos 65 mandados de busca e apreensão em diversos estados, incluindo São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal. Segundo a PF, o objetivo é aprofundar as investigações sobre crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e ocultação de patrimônio.
Investigações da CPMI e Próximos Passos
Mesmo diante do silêncio de Milton, os parlamentares da CPMI manifestaram a intenção de prosseguir com os questionamentos. Entre os pontos levantados, destacam-se o aumento na concessão de benefícios pelo sindicato a segurados do INSS, a verificação da autenticidade das autorizações de requerentes e o suposto envolvimento do irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocupa a vice-presidência da entidade, em um esquema fraudulento.
Quebra de Sigilos e Relatórios Financeiros
Adicionalmente, o colegiado aprovou requerimentos para a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do presidente do sindicato e de outros diretores. Também foram solicitados relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre os envolvidos no caso.
A investigação aponta para um esquema que pode ter lesado aposentados e pensionistas, levantando suspeitas sobre a atuação de organizações que intermediavam benefícios junto ao INSS. A atuação da PF visa desarticular possíveis redes criminosas responsáveis por fraudes e pela manipulação de dados.
Fonte: Valor Econômico
