Lítio: Queda de 86% nos preços adia negócios e impacta eletrificação

Queda de 86% no preço do lítio adia negócios no Brasil e impacta eletrificação. Entenda o cenário atual e as projeções futuras para o ‘ouro branco’.
preço do lítio — foto ilustrativa preço do lítio — foto ilustrativa

O preço do lítio, mineral essencial para a eletrificação da economia e conhecido como “ouro branco”, registrou uma queda expressiva de 86,5% desde o pico de dezembro de 2022. O valor médio do quilo do carbonato de lítio, que chegou a US$ 68 no final de 2022, agora custa US$ 9,26, mesmo com a China tentando controlar a oferta global. Essa desvalorização tem adiado novos negócios no Brasil.

A desaceleração na venda de carros elétricos e uma sobreoferta global são as principais causas dessa queda. Analistas apontam que os preços atingiram níveis exageradamente elevados durante a pandemia devido à escassez temporária de oferta.

https://www.youtube.com/watch?v=your_video_id_here

Publicidade

Contexto Histórico e Evolução dos Preços

Em 2020, o preço do quilo do lítio flutuava entre US$ 7 e US$ 9. Contudo, nos anos seguintes, houve uma escalada até perto de US$ 70. Esse aumento foi impulsionado por incentivos chineses para a venda de carros elétricos. Simultaneamente, a oferta global de lítio, componente chave das baterias, era limitada, pressionando as cotações para cima.

Mineradoras globais responderam ao aumento previsto da demanda por veículos elétricos. Austrália, Chile, Brasil e Zimbábue expandiram ou iniciaram novos projetos de extração. A produção australiana, por exemplo, quase dobrou, e a chilena cresceu 75% entre 2021 e 2024, segundo a Argus Media. Essa expansão acelerada transformou a escassez em excesso de oferta, resultando na drástica queda dos preços.

Impacto nos Negócios Brasileiros e Empresas do Setor

A Companhia Brasileira de Lítio (CBL), a empresa mais antiga do setor no Brasil, adiou planos de expandir sua capacidade de mineração e refino. Segundo o CEO Vinicius Alvarenga, a empresa aguarda maior clareza nos preços para novos investimentos, afirmando que o patamar atual está apenas no ponto de equilíbrio.

A Sigma Lithium estocou parte de sua produção no segundo trimestre devido aos baixos preços e espera que a cotação se estabilize em torno de US$ 10 por quilo para retomar um projeto de expansão. A empresa ressaltou que segue com seu plano de expansão e tem focado na redução de Custos.

A AMG Brasil, subsidiária da holandesa AMG, concluiu obras que aumentaram sua capacidade de produção em 44%. No entanto, o plano de verticalizar parte do refino no Brasil, antes previsto para 2025, agora aponta para 2029. O presidente da empresa, Fabiano Costa, explicou que a cotação atual inviabiliza a produção para quem explora apenas o lítio, destacando a diversificação da AMG com estanho e tântalo.

Costa estima que a cotação do quilo do carbonato de lítio deveria estar entre US$ 23 e US$ 27 para estabilizar a cadeia produtiva. Ele reconhece que os preços em 2022 também eram prejudiciais à indústria automobilística, tornando os carros elétricos mais caros para o consumidor.

A Influência da China e Projeções Futuras

Flávio Vegas, especialista da Global X ETFs, atribui a queda do lítio à sobreoferta, em grande parte impulsionada pela China. O país passou a explorar reservas menos rentáveis, como a lepidolita, e integrou sua cadeia produtiva, barateando a produção e influenciando os preços globais.

Mudanças regulatórias recentes na China, como a revisão de licenças de minas de lítio, criaram expectativas de alta. O governo chinês busca controlar a produção para elevar os preços. No entanto, a notícia de que as interrupções seriam mais curtas do que o esperado levou os analistas a reverem suas projeções para baixo novamente.

Pedro Consoli, especialista da Argus, acredita que a eletrificação da economia continuará a impulsionar a demanda por lítio, mas os preços não devem retornar aos patamares de 2022. A Argus projeta o quilo do carbonato de lítio entre US$ 30 e US$ 35 até 2027. O aumento da demanda por carros elétricos, especialmente fora da China, e a adoção de sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) são fatores que deverão sustentar a recuperação dos preços.

Os sistemas BESS, que utilizam lítio em sua fabricação, são cruciais para armazenar energia de fontes solares e eólicas. A Argus estima que, até 2035, quase 10% da demanda global de lítio virá desses sistemas de armazenamento.

Fonte: Estadão

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade