Política Monetária do BC Funciona; Desaceleração em Curso, Diz Diretor

O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central (BC), Paulo Picchetti, destacou nesta quarta-feira que a política monetária adotada pela instituição está sendo efetivamente transmitida às taxas de Mercado e, portanto, está funcionando. Ele também apontou que o BC visualiza uma desaceleração em curso na economia brasileira.

As declarações de Picchetti, proferidas durante um seminário promovido pelo JP Morgan em Washington, corroboram as recentes falas de outras autoridades do BC. Estas falas têm enfatizado o impacto da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano, sobre a atividade econômica do país.

Desaceleração em Curso e Cenário Econômico

De acordo com o diretor, a percepção de uma desaceleração na economia está em linha com as projeções do próprio Banco Central. Picchetti, no entanto, ressaltou que a instituição não antecipa um cenário de recessão no Brasil.

Em declarações separadas, outros diretores do BC também comentaram sobre a política monetária. Nilton David, por exemplo, reforçou que o Banco Central está preparado para realizar ajustes na Selic, seja para cima ou para baixo, caso a situação econômica assim exija. Contudo, David admitiu que os dados atuais ainda são insuficientes para determinar o período em que a taxa de 15% ao ano será mantida.

Paralelamente, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, observou que o núcleo da inflação ainda se encontra em patamares elevados, mas reconheceu que as ações do BC estão alinhadas com a necessidade de controle inflacionário. Estas declarações foram feitas em comunicado escrito, no contexto da participação do Brasil nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

Paulo Picchetti, diretor do Banco Central, fala sobre política monetária. — Paulo Picchetti, diretor do Banco Central.

Mercado de Trabalho e Meta de Inflação

Picchetti também abordou a questão da taxa neutra de desemprego, um indicador que mede o nível de desocupação sem gerar pressões inflacionárias. Ele admitiu que há uma discussão em andamento sobre qual seria essa taxa neutra, mas confirmou que, independentemente dela, o mercado de trabalho brasileiro se apresenta atualmente restrito.

O diretor reiterou o compromisso do BC em prosseguir com seu trabalho, focado em atingir a meta de inflação estabelecida e em ajustar a taxa de juros conforme as condições econômicas demandarem.