Petrobras: Plano 2026-2030 em xeque por petróleo baixo e ano eleitoral

Petrobras: Plano de Negócios 2026-2030 sob pressão. Petróleo em baixa e ano eleitoral forçam decisão entre dívida e corte de investimentos.
Plano de Negócios Petrobras 2026-2030 — foto ilustrativa Plano de Negócios Petrobras 2026-2030 — foto ilustrativa
Magda Chambriard, presidente da Petrobras. REUTERS/Ricardo Moraes/

A Petrobras enfrenta um dilema na elaboração do seu Plano de Negócios 2026-2030, devido à estabilização do preço do petróleo em torno de US$ 60 o barril do tipo Brent e a possibilidade de quedas futuras. O plano anterior foi baseado em um preço de US$ 80 o barril. Especialistas indicam que a estatal terá que escolher entre aumentar o endividamento ou reduzir investimentos em um ano eleitoral.

Fontes internas sugerem que a empresa busca manter o portfólio, mas pode reduzir o investimento previsto de US$ 111 bilhões para cerca de US$ 100 bilhões. O martelo, no entanto, ainda não foi batido.

Em um ano eleitoral, é improvável que projetos sejam totalmente abandonados, mas sim adiados. Espera-se também a otimização de Custos, conforme anunciado pela presidente da companhia, Magda Chambriard. Aumentar o endividamento, o que poderia impactar os dividendos, não é visto como uma opção viável, pois o patamar da dívida é um dos pilares do plano da estatal.

Dilemas do Plano da Petrobras

Um analista, pedindo anonimato, destaca os pilares do plano: autofinanciamento, manutenção do teto de dívida (US$ 75 bilhões) e preservação da política de dividendos. Para compensar a menor geração de caixa devido ao preço do petróleo mais baixo, a Petrobras pode se apoiar no crescimento da produção.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, afirma que o novo plano precisará de ajustes. Estimativas mais otimistas preveem o barril abaixo de US$ 60 no próximo ano (entre US$ 55 e US$ 58), enquanto as mais pessimistas projetam US$ 50. Dada a proximidade das eleições, o Mercado focará mais em 2026 do que no final da década.

Pires explica que o excesso de oferta de petróleo no mercado global, impulsionado pela Rússia, Brasil, Guiana e o shale americano, pressiona os preços para baixo. Para reequilibrar oferta e demanda, é necessário reduzir o valor do barril.

Ele prevê que as petroleiras precisarão de disciplina de capital em 2025, com possíveis movimentos de fusões e aquisições. Acionistas da Petrobras podem ser afetados pela queda na Receita e consequente redução de dividendos, especialmente em ano eleitoral.

Impacto nos Preços e Receitas

O analista de energia da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, calcula que a diferença de US$ 15 no preço do barril do Brent entre os planos pode impactar a receita da Petrobras em bilhões de reais. Ele sugere que o novo plano combine crescimento da produção, gestão de custos e Disciplina na aprovação de projetos.

Arbetman estima que uma redução de US$ 15 por barril ao longo de 2025-2029 (de US$ 80 para US$ 65) poderia gerar uma perda de aproximadamente R$ 362 bilhões em receitas em cinco anos, considerando a produção crescente e um câmbio médio de R$ 5,50.

A revisão do teto de endividamento bruto, atualmente em R$ 75 bilhões, com dívida líquida de R$ 68 bilhões, também é um ponto relevante. A extensão desse limite poderia aumentar a flexibilidade financeira da companhia.

Edmar Almeida, professor e pesquisador no Instituto de Energia da PUC-RJ, aponta que a política de preços mais baixos do petróleo tem sido sinalizada desde o governo Trump, com alinhamento entre a Casa Branca e a Opep+. A preocupação americana é com a inflação, enquanto a Opep+ busca frear a produção de petróleo não convencional nos EUA.

Almeida ressalta que a retração da economia global e conflitos geopolíticos moderam a demanda e a oferta de petróleo. O fim de conflitos, como o entre Israel e Hamas, tende a pressionar ainda mais os preços para baixo, podendo levá-los de US$ 60-70 para US$ 40-50 o barril, como ocorreu em 2014.

“A Petrobras dispõe de caminhos diversos para se ajustar. A escolha dependerá das prioridades da companhia em meio a um 2026 eleitoral e de elevada incerteza econômica. Nós estamos num momento de mudança do cenário macroeconômico, não é um bom momento para o setor de petróleo, o céu está bem nublado”, conclui Almeida.

Plano de Negócios da Petrobras 2026-2030 e preço do petróleo Brent
Plano de Negócios da Petrobras 2026-2030.

Fonte: InfoMoney

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