O Palácio do Planalto vislumbra um risco real de derrota na votação da Medida Provisória (MP) 1303, que visa compensar a derrubada de um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Diante desse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião de emergência com ministros-chave no Planalto durante o almoço de quarta-feira (8).

Reunião de Emergência e Mobilização Política
Participaram do encontro os ministros Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Rui Costa, e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). O presidente Lula instruiu seus auxiliares a intensificarem o embate político no Congresso, ressaltando a importância da aprovação da MP para o país.
Gleisi Hoffmann comentou que os partidos do centro estão divididos e que a votação desta quarta-feira serviria para demarcar quem está com o governo e quem não está, enfatizando que a pauta é crucial para o Brasil, independentemente de apoio eleitoral direto.
Motivação Político-Eleitoral no Centrão
A interpretação do Planalto é que a rejeição à MP é um movimento de reação político-eleitoral orquestrado por setores do centrão. Líderes como Ciro Nogueira (PP), Antonio Rueda (União Brasil), Arthur Lira (PP-AL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, estariam envolvidos com o objetivo de enfraquecer a posição de Lula nas eleições de 2026.

Impacto Fiscal e Negociações
A MP 1303 tem um impacto fiscal previsto de R$ 32 bilhões para o próximo ano. Este valor é composto por R$ 15 bilhões em contenção de despesas e R$ 17 bilhões provenientes da tributação de aplicações financeiras, fintechs, criptomoedas e outros investimentos atualmente desonerados.
Para tentar viabilizar a aprovação, o governo retirou a tributação de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI). Houve também um recuo na elevação da alíquota do imposto sobre apostas esportivas (bets), que seria aumentada de 12% para 18%. Apesar dessas concessões, a matéria foi aprovada na comissão especial por uma margem apertada de 13 votos a 12.
Cenário Pós-Derrota e Alternativas
O Governo avalia que não há uma real disposição de negociação por parte dos partidos de centro e centro-direita, pois a motivação por trás da resistência à proposta seria fundamentalmente político-eleitoral. Caso a MP seja derrotada ou perca a validade, o Planalto minimiza o impacto, afirmando que buscará outras alternativas e manterá a pressão sobre o Congresso.
Fonte: G1