PL Antifacção: Relator propõe penas de até 40 anos e endurece combate ao crime organizado

Relator do PL Antifacção propõe penas de 20 a 40 anos e endurece combate ao crime organizado, com confisco de bens e proibição de benefícios.
PL Antifacção — foto ilustrativa PL Antifacção — foto ilustrativa

O deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator do projeto de Lei Antifacção do Governo federal, apresentou um substitutivo que prevê penas de 20 a 40 anos para condutas cometidas por integrantes de organizações criminosas, como delitos armados e controle territorial. Com aumentos de pena, líderes de facções poderão cumprir mais de 65 anos de prisão.

Derrite se licenciou da Secretaria de Segurança de São Paulo para relatar a proposta. Anteriormente, ele descartou a equiparação de facções ao terrorismo, uma ideia que não agradava ao governo federal por receio de aberturas para intervenções estrangeiras. No entanto, o substitutivo defende a inclusão de tipos penais específicos cometidos por esses grupos na Lei Antiterrorismo, pela “simetria de lesividade”, reconhecendo efeitos equivalentes aos atos de terrorismo e justificando um tratamento penal equiparado.

A proposta preserva a Lei de Organizações Criminosas como norma geral e insere na Lei Antiterrorismo condutas que transcendem o mero associativismo criminal, ameaçando a soberania e a paz pública.

Eixos Centrais da Proposta

A proposta de Derrite é dividida em cinco eixos centrais:

  • Obrigatoriedade de cumprimento de pena em presídios federais de segurança máxima para dirigentes de organizações criminosas e facções, visando interromper comunicações ilícitas e diminuir o poder de comando.
  • Aperfeiçoamento das tipificações penais para incluir práticas como domínio territorial, sabotagem de serviços públicos, ataques contra forças de segurança, controle social por meio de violência, ataques a carros fortes, meios de transporte ou instituições prisionais, sequestro de aeronaves e o chamado “novo cangaço”.
  • Proibição de anistia, indulto, liberdade condicional e auxílio-reclusão para os crimes tipificados, argumentando que a fragilidade do sistema penal permite curtas estadias prisionais seguidas de benefícios.
  • Regras para o confisco de bens, inclusive cautelar na fase investigativa, para evitar a liquidação de patrimônio antes da apreensão.
  • Aumento da progressão de pena para reincidência em crime com resultado de morte, de 40% para 70% a 85%.

O relator afirmou que o enfrentamento do crime organizado exige “legislação de guerra em tempos de paz”, que asfixie financeiramente as organizações, silencie líderes, alcance patrimônio ilícito e restabeleça o monopólio estatal da força.

Pontos Elogiados pelo Relator

Derrite também elogiou pontos do texto original apresentado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, como:

  • Criação de um banco nacional de integrantes de facções criminosas.
  • Afastamento cautelar de servidores públicos ligados ao crime organizado.
  • Intervenção judicial de empresas infiltradas com faccionados.
  • Processos de descapitalização e confisco patrimonial de membros de organizações criminosas.

Andamento no Congresso

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou o projeto como o Marco Legal do Combate ao Crime Organizado no Brasil e indicou a intenção de votá-lo na semana seguinte. Motta defendeu a escolha de Derrite como relator, destacando que a segurança pública é uma pauta suprapartidária e que o relatório preserva avanços e endurece penas.

“O país pode divergir em muitas coisas, mas, na Defesa da vida e da segurança, o Brasil precisa andar junto. Acredito que com o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado o Brasil encontrou um ponto de unidade”, declarou Motta, que prometeu conduzir as sessões com firmeza diante da urgência das ruas.

Fonte: Valor Econômico

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