O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a reabertura da investigação que apura a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal.


Nova Abordagem da Investigação
Segundo Gonet, a nova fase da apuração focará no possível vínculo entre a interferência na PF e a chamada ‘Abin paralela’, além da disseminação de ataques sistemáticos a autoridades.
“A manifestação é pelo retorno dos autos à Polícia Federal para que seja realizada a seguinte diligência, sem prejuízo de outras que a autoridade policial julgar necessárias”, declarou Gonet.
Análise no STF e Histórico do Caso
O pedido de reabertura da investigação será avaliado pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso. Anteriormente, a PGR havia sugerido o arquivamento do inquérito por Falta de evidências.
A investigação original sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal foi iniciada em 2020. Naquele período, o então Ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu demissão alegando que Bolsonaro buscava intervir politicamente na PF, inclusive com a troca de diretores e a condução de inquéritos que envolviam seus familiares.
Gonet ressaltou que, com base no depoimento de Moro, a queixa de Bolsonaro se concentrava na “falta de Acesso a relatórios de inteligência da PF”.
“Imprescindível, portanto, que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-Ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”, enfatizou o chefe da PGR.

Conclusão Anterior da PF
A Polícia Federal havia concluído o inquérito sobre o caso em 2020, sem encontrar indícios de que o ex-presidente tenha interferido na corporação para proteger aliados e familiares ao mudar o comando do órgão.
No relatório final, a PF declarou que, após dois anos de apuração, “nenhuma prova consistente” da interferência de Bolsonaro foi descoberta. Todas as testemunhas ouvidas teriam afirmado não ter recebido orientações ou pedidos para influenciar investigações.
De acordo com o relatório do delegado Leopoldo Soares Lacerda, Bolsonaro não cometeu ato ilegal ao solicitar a troca do diretor-geral da PF a Moro, pois a escolha da equipe ministerial e dos chefes vinculados aos ministérios é prerrogativa do presidente.
“Constam nos autos informações de que a relação entre o Presidente da República e o delegado de polícia federal Ramagem, nomeado como dirigente máximo da PF, iniciou-se no final da campanha presidencial por razões profissionais e assim foi mantida”, detalhou o delegado.
O delegado também não identificou sinais de que o presidente tenha agido com o intuito de interferir em investigações de seu interesse, de seus filhos ou de aliados políticos.

Fonte: Folha de S.Paulo