Petróleo em Alta: Sanções à Rússia Afetam Petrobras e Mercados Globais

Sanções dos EUA contra Rosneft e Lukoil elevam o preço do petróleo Brent. Entenda como a Petrobras e o mercado global são afetados pela guerra na Ucrânia.
Petróleo em alta — foto ilustrativa Petróleo em alta — foto ilustrativa

O barril de petróleo Brent, principal referência na Europa, registrou uma recuperação significativa, saindo de US$ 61 para US$ 66 em poucos dias, após atingir mínimas de cinco meses. A valorização de cerca de 5% em um único dia foi impulsionada pela imposição de novas sanções pelos Estados Unidos contra as gigantes russas de petróleo, Rosneft e Lukoil, em decorrência da guerra na Ucrânia.

Essas duas companhias representam aproximadamente 5% da oferta global de petróleo. Novas sanções direcionadas a empresas desse porte geram um aumento considerável nos prêmios de risco de oferta no Leste Europeu, o que se traduz diretamente no suporte às cotações internacionais do barril.

Impacto das Sanções na Oferta Global

As sanções dos EUA obrigarão refinarias na China e na Índia, que são grandes compradoras de petróleo russo, a buscarem fornecedores alternativos. Essa mudança é necessária para que essas nações evitem a exclusão do sistema bancário ocidental, segundo análise de Ole Hansen, analista do Saxo Bank. Os EUA demonstraram disposição em tomar medidas adicionais, reiterando o pedido para que Moscou concorde com um cessar-fogo imediato na Ucrânia.

Jorge Leon, chefe de análise geopolítica da Rystad Energy, descreveu as sanções como uma “escalada significativa e sem precedentes na campanha de pressão de Washington contra Moscou”. Ele acrescenta que, combinadas com ataques recentes à infraestrutura petrolífera russa, essas sanções aumentam a perspectiva de grandes interrupções na produção e exportação de petróleo bruto russo, elevando o risco de paralisações forçadas.

A Grã-Bretanha também sancionou a Rosneft e a Lukoil na semana passada, e os países da União Europeia aprovaram um 19º pacote de sanções, que inclui a proibição de importações de GNL russo.

Navios petroleiros transportando petróleo russo em um porto.
Sanções da UE e EUA miram o fornecimento de petróleo russo.

Mudanças nos Mercados Futuros e Reações na Ásia

Em resposta às sanções, os futuros do petróleo bruto Brent entraram em “backwardation”, um cenário onde o contrato com entrega mais próxima é negociado com um prêmio de cerca de US$ 2 sobre o contrato com entrega em seis meses. Logo após o anúncio das sanções americanas, os futuros de Brent e WTI subiram mais de US$ 2 por barril, com suporte adicional de uma queda surpreendente nos estoques de petróleo dos EUA.

O impacto dessas sanções nos mercados globais dependerá da reação da Índia e da capacidade da Rússia em encontrar compradores alternativos, conforme apontou Giovanni Staunovo, analista do UBS. A Índia se tornou um dos maiores compradores de petróleo bruto russo desde o início da guerra na Ucrânia.

Fontes do setor indicam que as refinarias indianas deverão reduzir drasticamente suas importações de petróleo russo. A Reliance Industries, principal compradora indiana de petróleo russo, já planeja diminuir ou interromper essas importações. Embora a oferta abundante recente de petróleo possa mitigar o impacto imediato, reorganizar as importações indianas, das quais mais de um terço provêm da Rússia, representa um desafio considerável. A indústria petrolífera chinesa, que importa até 20% de seu petróleo bruto da Rússia, também pode ser afetada.

Plataforma de petróleo da Petrobras offshore.
A Petrobras pode se beneficiar do aumento dos preços do petróleo.

Análise sobre a Duração da Alta do Petróleo e Impacto na Petrobras

A persistência da alta do petróleo ainda é um ponto de interrogação. Analistas como Claudio Galimberti, da Rystad Energy, lembram que as sanções impostas à Rússia nos últimos anos não afetaram significativamente os volumes de produção ou as receitas de petróleo do país. As preocupações com o excesso de oferta, impulsionadas por aumentos de produção da OPEP+, limitaram os ganhos do petróleo, mesmo com a instabilidade gerada pelas sanções.

O UBS projeta que o Brent permaneça na faixa de US$ 60 a US$ 70. A analista Nour Al Ali, da Bloomberg, observa que o Brent se recuperou do patamar de US$ 60/barril, mas um superávit iminente no inverno e a cautela com a economia global sugerem que a recente alta pode ser temporária, em vez de o início de uma tendência sustentada.

Bruna Pacheco, especialista em investimentos da GT Capital, concorda que as sanções criaram um choque de risco de oferta, com potencial para volatilidade no curto prazo, mas sem garantir uma alta de longo prazo. Ela ressalta que a Petrobras se beneficia diretamente de preços mais altos do Brent, mas os principais impulsionadores para as ações da estatal continuam sendo o cenário político, os dividendos e o plano de investimentos, mais do que flutuações de curto prazo no preço do petróleo.

O Santander avalia que, mesmo que o impacto das sanções seja parcial ou momentâneo, ele pode compensar o retorno das exportações da OPEP+ e a expectativa de excesso de oferta. Esse movimento tende a sustentar os preços do Brent e melhorar o sentimento dos investidores em relação às ações brasileiras do setor.

O banco também nota que o aumento dos preços do diesel e da gasolina nos EUA, combinado com as sanções à Rússia, torna menos atrativo para importadores brasileiros adquirir combustível do exterior, contribuindo para o equilíbrio da oferta e demanda interna. Isso seria particularmente benéfico para distribuidoras de combustíveis como Ultrapar (UGPA3), Vibra (VBBR3) e Raízen (RAIZ4), que são menos dependentes do diesel importado da Rússia em comparação com concorrentes menores.

Gráfico da bolsa de valores brasileira Ibovespa em alta.
O Ibovespa reage positivamente com o desempenho das petroleiras.

Fonte: InfoMoney

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