Clima: Brasil perde R$ 500 bi em 10 anos; seguro cobre mínimo

Brasil perde R$ 500 bi em 10 anos por tragédias climáticas; seguros cobrem mínimo. Entenda os riscos e o plano de adaptação.
Tragédias climáticas Brasil seguro — foto ilustrativa Tragédias climáticas Brasil seguro — foto ilustrativa

As perdas causadas por tragédias climáticas no Brasil nos últimos dez anos somam R$ 500 bilhões. No entanto, a cobertura de seguros para esses eventos é mínima, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Paralelamente, projeções indicam que as mudanças climáticas, caso não haja ações de mitigação, podem custar até R$ 17 trilhões do PIB brasileiro até 2050.

Desafios da Adaptação Climática no Brasil

A magnitude dos prejuízos econômicos decorrentes de eventos climáticos extremos para o Brasil, com impacto acentuado nas populações mais vulneráveis, foi debatida no encontro “Resiliência climática: o desafio da adaptação às mudanças do clima”, parte do projeto COP30 Amazônia. Claudia Prates, diretora de sustentabilidade da CNseg, destacou que apenas as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 causaram R$ 100 bilhões em perdas nesta década, com apenas R$ 6 bilhões cobertos por seguros.

Pessoas em área alagada após tragédia climática.
População afetada por desastres climáticos no Brasil.

“O Rio Grande do Sul é o quarto maior Estado segurado no país e mesmo assim foram só R$ 6 bilhões em indenização. Isso significa um ‘gap’ de seguro de 95%, 90%, enquanto nos países desenvolvidos está em 40%, 50%”, explicou Prates, ressaltando a vulnerabilidade brasileira comparada a nações desenvolvidas.

Plano de Adaptação Climática e o Papel dos Seguros

Inamara Alves, diretora do departamento de Políticas de Adaptação e Resiliência do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, apresentou a preocupante estimativa de que a inação diante das mudanças climáticas pode resultar em um custo de R$ 17 trilhões para o PIB brasileiro até 2050. Ela também informou que “84% dos municípios brasileiros foram afetados por desastres em uma década”, impactando uma população que, somada por múltiplas ocorrências, excede o total de habitantes do país.

Prates enfatizou o papel das seguradoras como aliadas do Governo na construção da resiliência econômica. “Não é um custo, é uma proteção. […] Mas se você tem uma proteção, é um dinheiro novo que entra. Isso aumenta a resiliência da economia também”, defendeu.

Estratégia Nacional para Redução de Impactos Climáticos

O Ministério do Meio Ambiente planeja lançar, até a COP30 em Belém, o Plano Clima-Adaptação. Esta agenda estratégica definirá diretrizes para a adaptação de cidades e estados brasileiros. Segundo Alves, o plano contempla 300 metas e mais de 800 ações interministeriais. “A gente entende que é uma agenda que dialoga com setores econômicos, atividades produtivas, mas também com uma pauta social e de redução de vulnerabilidades socioambientais”, comentou. A elaboração contou com a participação de 25 ministérios.

Valéria Braga, representante do ICLEI no Rio, defendeu a importância de uma governança climática organizada, transparente e sustentável em todos os níveis — nacional, estadual, municipal e empresarial. Ela ressaltou que a adaptação deve ser vista como uma estratégia contínua, não apenas uma resposta a desastres, e que está intrinsecamente ligada à Justiça social, saúde pública e sobrevivência.

A gestão de riscos climáticos e a expansão da proteção de seguros são cruciais para mitigar perdas econômicas e fortalecer a capacidade de recuperação do Brasil diante de eventos extremos. A adoção de políticas públicas eficazes e a colaboração entre setor público e privado são essenciais para aumentar a resiliência do país.

Fonte: Valor Econômico

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