O ouro registrou uma recuperação em suas cotações nesta quarta-feira (5), impulsionado pela busca por ativos de proteção em um cenário de queda das bolsas globais. A pressão sobre os mercados acionários globais decorre de receios relacionados a avaliações consideradas elevadas.
Alta do Ouro e Cautela nos Juros
O metal precioso à vista avançou em direção aos US$ 4.000 por onça, recuperando-se de uma queda de quase 2% na sessão anterior, que foi influenciada pelo fortalecimento do dólar. Simultaneamente, os Treasuries (títulos do Tesouro americano) apresentaram valorização, enquanto as ações globais estenderam a maior sequência de perdas observada em quase um mês. A volatilidade recente reflete a incerteza sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed).
Na terça-feira, a desvalorização do ouro ocorreu após declarações de dirigentes do Fed que não apoiaram explicitamente um novo corte de juros em dezembro. A discussão gira em torno do equilíbrio entre uma inflação persistente e um mercado de trabalho que mostra sinais de enfraquecimento. Mais declarações de representantes do Fed são aguardadas nesta semana, incluindo as do presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem. Historicamente, Custos de empréstimo mais baixos tendem a aumentar a atratividade do ouro em comparação com ativos de renda fixa, como os títulos públicos.
Desempenho Anual e Perspectivas
O metal acumula uma valorização de cerca de 50% no ano, após ter atingido um Recorde histórico no mês passado. Apesar de ter devolvido parte desses ganhos após sinais de que a alta foi muito rápida, operadores avaliam se essa correção chegou ao fim. Saídas de fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados em ouro acompanharam esse movimento de recuo.
Análises de Mercado para o Ouro
Estrategistas de Mercado indicam que o metal pode consolidar-se em uma faixa mais baixa, estimada entre US$ 3.800 e US$ 4.050 por onça. Fatores como a incerteza sobre os cortes de juros pelo Fed e preocupações com a demanda do varejo na China são citados como influenciadores dessa perspectiva. No entanto, os fundamentos que sustentaram a forte alta do ouro neste ano, como as compras elevadas por bancos centrais e a demanda robusta de investidores privados, permanecem em grande parte intactos e devem impulsionar os preços novamente após a fase de consolidação.
Cenário Geopolítico e Demanda Futura
O clima de euforia que marcou o mercado tem dado lugar à reflexão, com traders reavaliando a precificação de narrativas para 2025, incluindo cortes de juros, estresse fiscal, proteção geopolítica e a demanda contínua de bancos centrais. Às 10h28 em Londres, o ouro subia 0,8%, a US$ 3.965,04 por onça. O Bloomberg Dollar Spot Index operava estável. A prata avançava 1,2%, enquanto a platina e o paládio registravam leves altas.
A busca por proteção em momentos de incerteza econômica e geopolítica continua a ser um fator chave para a performance do ouro, mesmo diante de correções pontuais.
Fonte: InfoMoney