O combate eficaz às organizações criminosas no Brasil exige um olhar atento ao funcionamento e estudo criminológico das máfias já consolidadas na Europa. A falta de estratégia pode resultar em sofrimento prolongado para a população, diante da necessidade de um Estado forte contra a instalação de um “Estado Paralelo”.
Diversas organizações criminosas operam no continente europeu, moldando o cenário do crime organizado global. Conhecer suas estruturas e métodos é fundamental para traçar defesas robustas.
Máfias Italianas: A Origem do Crime Organizado Hierarquizado
As máfias italianas surgiram no sul do país, especialmente na Sicília, por volta do século XIX. O termo “máfia” possivelmente se originou do dialeto siciliano, remetendo a características como arroganância e audácia.
Cosa Nostra é a mais famosa, conhecida por figuras como Matteo Messina Denaro e Tomaso Buscetta. Suas principais fontes de renda são a extorsão, tráfico de armas e drogas, e lavagem de dinheiro. A organização mantém uma rígida hierarquia:
- Capo ou Boss (líder supremo)
- Vice Capo
- Consigliere (conselheiro)
- Capodecina (comandante de dez soldados)
- Soldato (soldado)
- Associados (não-membros)
A fidelidade é selada por um ritual com juramento de sangue. A discrição é valorizada para evitar a atenção policial.
A Ndrangheta, originária da Calábria, é atualmente a máfia mais poderosa e disseminada. Composta por famílias “Ndrinas”, segue um código de honra que proíbe colaboração com a polícia e roubos entre famílias. Alia-se ao PCC no Brasil e controla rotas de tráfico de drogas na Europa.
A Camorra, de Nápoles, opera com múltiplos clãs em territórios distintos. Suas atividades incluem jogos de azar, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e drogas. Diferente da Cosa Nostra, suas operações são territoriais.
A Sacra Corona Unita, originária da Puglia, é a menor das quatro máfias italianas. Focada no comércio com os Balcãs, prioriza o tráfico de drogas, armas e tabaco.
Máfia Russa (Bratva): Brutalidade e Infiltração
Na Rússia, a “Bratva” (irmandade) se destaca pela brutalidade e infiltração em estruturas de poder, com líderes possuindo histórico em órgãos estatais como a KGB. Suas tatuagens funcionam como uma linguagem cifrada, indicando hierarquia e status.
A Bratva é notória por crimes cibernéticos, fraudes bancárias, sequestros e tráfico de drogas para a Europa. Estima-se que sua Receita anual atinja bilhões de dólares, evidenciando a complexidade de suas operações e a interconexão entre crime e economia.
Máfia Albanesa: Expansão e Controle
A máfia albanesa começou com o tráfico local de heroína e maconha, expandindo-se para controlar grande parte do tráfico de maconha na Europa. Composta por cerca de quinze famílias principais, fatura milhões de euros anualmente.
Similar aos russos, utilizam tatuagens para identificar membros. Suas receitas provêm do tráfico de drogas (com origem na América Central e Sul), armas e exploração humana. O país é frequentemente associado a um narcoestado devido ao controle de facções criminosas.
Aldo Musci ressalta que “a luta contra o crime organizado não é uma mera questão de ordem pública ou de administração normal da Justiça. Requer categorias cognitivas inovadoras e flexibilidade operacional”.
Fonte: Estadão