A recente operação policial no Rio de Janeiro, independentemente de ser classificada como “ocupação” ou “retomada de território”, sinaliza a intensificação de ações em favelas até as próximas eleições. O governador Cláudio Castro, impulsionado pelo sucesso da operação, vê na segurança pública um caminho para se destacar politicamente, desafiando a narrativa da direita que se limitava à anistia.
Este evento marca um ponto de Virada no cenário político pós-Jair Bolsonaro. A ação policial, descrita como o primeiro fato político relevante da direita sem a presença de Bolsonaro como coadjuvante, concedeu ao governador uma independência política significativa. Se antes a segurança pública já se configurava como o tema central para 2026, agora o debate se molda em torno da atuação policial para reintegrar áreas de crime à República.
Ascensão de Cláudio Castro e o Novo Cenário da Direita
Com o governador Cláudio Castro em evidência, a direita ganha um discurso mais competitivo, com potencial para transcender a dependência exclusiva da bandeira da anistia. Esperava-se que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, assumisse essa liderança. Contudo, sua discrição, seja por cautela ou estratégia, deixa um vácuo que Castro parece determinado a preencher.
Essa oportunidade de protagonismo, lançada pela operação, não tardará a se converter em um espaço político a ser disputado. A tendência é que o discurso “a partir de Castro” evolua para “com Castro” ou até mesmo “em Castro”. O sucesso popular da Operação Contenção incentiva o governador a explorar seu protagonismo, possivelmente com o auxílio de assessores que o instiguem a ambições maiores.
Risco de Protagonismo e Repercussões Eleitorais
Caso a operação tenha sido planejada estritamente sob a ótica da segurança pública, o desafio agora é evitar que o Calendário eleitoral dite o ritmo das futuras ações. A maré política está favorável para Castro, mas o risco de tomar decisões motivadas por cálculos eleitorais, em vez de necessidades de segurança, é palpável. A tentação do protagonismo pode levar a flertes com o descomedimento.
Essa ascensão inesperada de Castro, embora por ora restrita ao cenário Fluminense, rearranja o equilíbrio de forças no estado. Há especulações de que esse protagonismo possa ter alertado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para casos como o da Ceperj. O julgamento iniciado logo após a operação policial sugere uma percepção de um “jogador inesperado” ganhando força.
Impacto nas Próximas Eleições e Cenário Político
O cronista sugere que, se a eleição para senador ocorresse hoje, Castro teria mais votos que Flávio Bolsonaro. Há poucas semanas, o governador considerava não concorrer, sem um sucessor claro para o Governo do Rio. Agora, ele se vê na obrigação de indicar um nome e é cortejado por diversos grupos. O prefeito Eduardo Paes, figura proeminente no Rio, que já passou o bastão da prefeitura, terá um adversário de peso em sua projeção futura.
Fonte: Estadão