A Oncoclínicas está avançando em seu plano de desinvestimentos, com o objetivo de reestruturar a companhia. A empresa caminha para fechar a venda do Câncer Center em Belo Horizonte, uma unidade hospitalar com 180 leitos. Fontes próximas às negociações indicam que o valor total da transação pode atingir R$ 150 milhões, estimando um valor entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão por leito.
Paralelamente, a Oncoclínicas discute com potenciais parceiros o repasse do projeto de construção de uma nova unidade em Goiânia. O modelo proposto prevê que a empresa focará apenas na área de oncologia, atuando em Parceria com outros grupos na gestão dos demais segmentos hospitalares.
Negociações pelo Câncer Center BH
O Câncer Center de Belo Horizonte está sob análise de duas ofertas. Uma delas propõe o pagamento integral em dinheiro, com a Oncoclínicas vendendo toda a sua participação. A outra alternativa envolve pagamentos parcelados, permitindo que a empresa mantenha sua atuação na área de oncologia. Um interessado local é apontado como um dos potenciais compradores, e a expectativa é que a transação seja concluída nos próximos dias.
O projeto em Goiânia visa transformar a área em um polo de saúde, onde a Oncoclínicas concentrará sua expertise em oncologia, enquanto os parceiros gerenciarão as outras especialidades médicas.
Estratégia de Desinvestimento e Redução de Endividamento
A venda de hospitais faz parte de uma estratégia maior da Oncoclínicas para otimizar suas operações, concentrando-se em seu core business e reduzindo seu endividamento. Essa iniciativa busca colocar a empresa em uma condição financeira mais sólida e retomar a lucratividade.
Anteriormente, a Oncoclínicas já havia vendido um hospital no Rio de Janeiro para a Hapvida e outra unidade em Uberlândia (MG) por R$ 160 milhões para um grupo de médicos locais. Um projeto para construção de um câncer center em São Paulo foi descontinuado, e uma negociação similar para um hospital em Belo Horizonte também está em processo de revisão.
Outro ponto de reavaliação é o acordo para construção de clínicas oncológicas na Arábia Saudita, em parceria com o grupo Al Faisaliah. Embora a Oncoclínicas permaneça no negócio, sua participação em novos investimentos será diluída.
Estas ações são cruciais para reduzir a alavancagem da companhia, atualmente em 4,4 vezes a relação dívida líquida/Ebitda. A meta é evitar o descumprimento de limites contratuais de dívidas (covenants) e garantir a liquidez necessária.
Aumento de Capital e Repactuação de Dívidas
A empresa aprovou um aumento de capital, com previsão de conclusão para meados de novembro, visando levantar R$ 2 bilhões. Os recursos virão de aportes de acionistas e da conversão de dívidas, especialmente debêntures, em ações. O passivo atual da Oncoclínicas soma aproximadamente R$ 3,9 bilhões.
Essa operação é vista como vantajosa para os debenturistas, pois o desconto implícito dessas dívidas no mercado secundário é de cerca de 40%. A Oncoclínicas rejeitou uma proposta de aporte do grupo Starboard no mês passado, devido aos termos propostos que poderiam levar a uma diluição excessiva.
O aumento de capital privado não deve contar com a participação do Banco Master, o que levará a uma diluição de sua participação de 14,96% para cerca de 5%. Outros acionistas relevantes incluem Latache, Goldman Sachs e a gestora Centaurus.
Recentemente, a Oncoclínicas fechou um acordo para repactuação do resgate de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) detidos no Banco Master. O saldo de R$ 478 milhões, com vencimento previsto para este ano, será pago em parcelas até 2027. Uma cláusula protege a Oncoclínicas em caso de inadimplência do Master, permitindo a retomada da participação do banco no capital da empresa de saúde.
Esses movimentos estratégicos indicam uma nova fase para a Oncoclínicas, com o objetivo de se livrar do peso dos hospitais, gerar caixa e reduzir drasticamente o endividamento. A expectativa é de reversão dos resultados negativos já em 2026, após um prejuízo de R$ 142 milhões no segundo trimestre.
Fonte: Estadão