O Prêmio Nobel da Paz deste ano foi concedido a María Corina Machado, líder da oposição venezuelana. A decisão gerou repercussão internacional, com diferentes interpretações políticas, incluindo a reação do Governo brasileiro, russo e de Donald Trump.
Reações Internacionais ao Nobel de María Corina Machado
Enquanto figuras como Donald Trump e Vladimir Putin expressaram opiniões sobre quem merecia o prêmio, Celso Amorim, assessor de Lula para assuntos internacionais, lamentou que a escolha tenha sido “dada prioridade à questão política”, indicando uma percepção de que o Comitê Nobel teria colocado a política acima da paz. Essa visão foi ecoada por assessores da Casa Branca, que consideraram a escolha “injusta”. Putin, por sua vez, criticou a concessão a “pessoas que não fizeram nada pela paz”.
O Nobel da Paz como Gesto Político
A concessão do Prêmio Nobel da Paz frequentemente transcende a mera avaliação de realizações concretas em prol da paz, servindo como incentivo a personalidades ou simbolizando Lutas contra a opressão. Exemplos como Yasser Arafat e Barack Obama ilustram como o prêmio pode ser concedido com base em acordos, boas intenções ou como um reconhecimento preventivo. No caso de María Corina Machado, o Nobel é visto como um reconhecimento de sua Luta contra o regime de Nicolás Maduro e a tirania na Venezuela.
A Perspectiva Brasileira e a Venezuela
A diplomacia do governo Lula enxerga a situação venezuelana sob a ótica da polarização política interna brasileira. Por não poder mais contar com o apoio de Lula para exigir democracia do governo chavista, Venezuela associou Machado ao bolsonarismo e ao trumpismo. Há também um cálculo geopolítico: a queda da ditadura de Maduro poderia significar uma influência direta dos Estados Unidos na fronteira brasileira, potencialmente com Donald Trump ganhando proeminência regional.
Interesses Geopolíticos de Rússia e EUA
Para a Rússia, a queda de Maduro representa uma perda maior do que para o Brasil. Putin tem influência significativa na Venezuela, utilizando o país como um ponto de pressão contra os Estados Unidos. A Rússia vê a Venezuela como uma moeda de troca valiosa em negociações. Putin desdenhou publicamente do Nobel de Machado, mais como uma forma de bajular Trump do que de defender Maduro.
Do lado americano, a escolha do Nobel para Machado é vista como um reforço à política externa que visa aumentar a pressão sobre o regime de Maduro. Trump, motivado por vaidade, elogiou Machado, que dedicou o prêmio a ele. A concessão do Nobel confere maior legitimidade aos esforços para promover uma mudança de regime na Venezuela.
Implicâncias para o Brasil e a Região
Enquanto Amorim expressa preocupação com uma possível intervenção externa na Venezuela, seu temor parece estar mais voltado às implicações para o Brasil e o governo Lula do que para o povo venezuelano. A escolha de María Corina Machado como laureada com o Nobel da Paz revela múltiplas camadas de complexidade política e geopolítica.
Fonte: Estadão