Nobel de Economia: PIB mede mal o progresso real?

Philippe Aghion, Nobel de Economia, levanta debate sobre se o PIB mede corretamente o progresso real do Brasil e o impacto da inovação.
Nobel de Economia — foto ilustrativa Nobel de Economia — foto ilustrativa

A forma como o Brasil mede seu crescimento econômico é precisa, ou o baixo desempenho é resultado de uma falha na contagem do progresso? Essa questão ganha destaque com as ideias de Philippe Aghion, um dos recentes vencedores do Prêmio Nobel de Economia.

O colunista Pedro Fernando Nery, em sua análise para o Estadão, explora as teorias de Aghion, que se dedica ao estudo do progresso e, crucialmente, à sua mensuração. Nery aponta que Aghion investiga um paradoxo inerente à inovação: o avanço tecnológico, que deveria impulsionar a economia, pode não se refletir adequadamente em indicadores tradicionais como o Produto Interno Bruto (PIB).

O Paradoxo da Inovação e a Mensuração do Progresso

O PIB, por sua natureza, tende a valorizar o volume de bens e serviços produzidos, e o preço desses itens é um fator determinante em sua soma. No entanto, quando a inovação aprimora a qualidade de um produto ou barateia seu custo, o ganho em bem-estar e eficiência muitas vezes é subestimado pelas Estatísticas oficiais.

Nery utiliza o exemplo da fotografia para ilustrar essa tese. Antigamente, revelar imagens era um processo custoso e limitado. Hoje, com smartphones, é possível registrar milhares de fotos a um custo praticamente nulo. Essa revolução tecnológica proporcionou uma experiência mais rica, acessível e rápida, mas o salto de bem-estar gerado por essa facilidade não é plenamente contabilizado pelo PIB.

Subestimação do Crescimento Brasileiro?

Aghion sugere que pode haver um erro de medição ou uma subestimação sistemática do PIB, estimada em cerca de 0,6% ao ano na taxa de crescimento. O especialista destaca ainda outros benefícios indiretos da tecnologia que não aparecem nas contas do PIB, como a redução do tempo em filas e a rapidez na entrega de encomendas, que tornam a vida cotidiana mais confortável.

Essa perspectiva levanta um debate fundamental sobre a necessidade de refinar as métricas econômicas para capturar de forma mais precisa o progresso real de uma sociedade, especialmente em economias em desenvolvimento como a do Brasil. A inovação e a melhoria da qualidade de vida podem estar ocorrendo em ritmo mais acelerado do que os indicadores atuais sugerem.

Fonte: Estadão

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