MPF apura uso de verbas federais na Operação Contenção no RJ

MPF investiga uso de recursos federais do Fundo Nacional de Segurança Pública na Operação Contenção, que deixou mais de 120 mortos no RJ. Detalhes sobre repasses e transparência.
Policiais em operação no Rio de Janeiro com câmeras corporais, investigando o uso de recursos federais na Operação Contenção. Policiais em operação no Rio de Janeiro com câmeras corporais, investigando o uso de recursos federais na Operação Contenção.

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou ao governo do Rio de Janeiro e à União informações detalhadas sobre a aplicação de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) na Operação Contenção. A operação policial, que visava combater o Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão, resultou em mais de 120 mortes na Zona Norte carioca.

O procurador Eduardo Benones destacou que o uso de verbas do FNSP deve obedecer a critérios rigorosos, incluindo planos de aplicação alinhados à Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. Essa política enfatiza o respeito aos direitos humanos, a eficiência na repressão criminal e o uso proporcional da força.

Investigação sobre repasses federais

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça, foi notificada a informar se houve destinação de verbas federais para a aquisição de equipamentos, viaturas e câmeras corporais utilizadas pelos policiais do Rio. A Senasp também deve esclarecer se as regras para uso e preservação das imagens captadas foram seguidas.

Adicionalmente, a Senasp terá que apresentar um balanço detalhado dos repasses do FNSP ao estado do Rio de Janeiro entre janeiro de 2024 e outubro de 2025. Isso inclui os valores transferidos, os planos de uso aprovados e o status de aplicação de cada convênio. O comitê gestor do fundo também foi intimado a reportar o acompanhamento e a verificação da aplicação dos recursos pela gestão estadual.

Policiais em operação no Rio de Janeiro com câmeras corporais
Operação policial no Rio de Janeiro levanta questionamentos sobre uso de recursos federais.

Transparência e câmeras corporais em foco

A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Sesp) foi questionada se a Operação Contenção teve financiamento total ou parcial do FNSP. A Sesp deve apresentar os relatórios de planejamento e execução, detalhar as instituições envolvidas, identificar equipamentos adquiridos com fundos federais e descrever as medidas para garantir a transparência e o armazenamento das gravações das câmeras corporais.

Autoridades de segurança do Rio de Janeiro indicaram que problemas de bateria podem ter comprometido os registros das câmeras corporais durante a operação. O procurador Benones ressaltou que a ausência dessas gravações agrava a necessidade de apuração, visto que prejudica o controle da atuação policial e a transparência. Ele lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a adoção de medidas de transparência, como o uso de câmeras em fardas e viaturas.

Contexto e fiscalização do MPF

A investigação do MPF sobre os repasses do FNSP ao Rio de Janeiro já estava em andamento desde abril deste ano, a pedido do Grupo de Trabalho de Acompanhamento do Conselho Nacional do Ministério Público. A solicitação atual se alinha às determinações do STF na ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, que trata da letalidade policial e estabelece diretrizes para operações em comunidades cariocas. Nessa ação, o STF designou ao Ministério Público a função de fiscalizar a aplicação de verbas federais na segurança pública do Rio de Janeiro.

Fonte: Valor Econômico

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